sábado, 30 de junho de 2012

A PUTA


Este texto foi recebido via e-mail (obrigada, Cat!) e foi escrito por Sónia Morais Santos, no blogue "Cocó na fralda"! Não sendo blogue que costume visitar, não sei a data em que foi publicado, mas achei-lhe imensa piada e, de algum modo, um "retrato" irónico de alguma gentinha mesquinha e invejosa que circula por aí. E que, felizmente, não representa a maioria, como a própria autora ressalva...:

"Vou dizer-vos uma coisa. É preciso ter muita paciência para ter um blogue. Porque se há gente muito boa e querida e simpática como vocês, que são a maioria, depois há os outros. E se é verdade que são mesmo a minoria, esses outros cansam. Moem. Molestam. Porque são repetitivos. E têm tantos problemas na mona e na vida que fazem dó. Para esses, eu sou sempre e serei sempre... uma puta. Se sou feliz sou uma puta. Se sou infeliz, mais puta sou. Então é assim:
Se eu escrevo que vou de fim-de-semana, sou uma puta porque com esta crise há imensa gente que nem sabe como comer, quanto mais pensar em passar fins-de-semana fora. Se mostro fotos do sítio onde estou sou uma puta, a fazer pirraça a quem tem de ficar enfiado em 20 metros quadrados e cheio de fome. Mas se não mostro, sou uma puta ainda maior, que deve estar num palacete banhado a ouro e que nem tem coragem de mostrar, tal é o luxo nojento. Mas se, pelo contrário, não vou de fim-de-semana e me queixo de ter o dinheiro contado, sou uma puta porque moro no Parque das Nações, tenho os filhos no colégio, e devia ter vergonha por me queixar da falta de cheta quando há gente que, essa sim, não tem um cêntimo na carteira.
Se digo que estou gorda, sou uma puta porque há pessoas que pesam tanto que chegam aos 3 dígitos e estou a humilhá-las ao falar do meu suposto peso a mais. Mas se fico feliz porque emagreci, sou uma puta porque tenho dinheiro para fazer dietas que os outros não têm, e tenho tempo para fazer caminhadas, coisa que os outros, coitados, nunca têm.
Se me queixo dos meus filhos, porque fizeram uma tropelia qualquer e se estou cansada deles e deixo um desabafo, sou uma puta porque há tanta gente a querer engravidar sem conseguir, e eu que tenho filhos nunca por nunca devia queixar-me deles, é uma vergonha. Se os enalteço, vaidosa, sou uma puta que não pára de se gabar, e devia ter vergonha porque há pessoas que têm filhos deficientes que não conseguem sequer sorrir quanto mais fazer as habilidades que os meus fazem.
Se ponho vestidos da Madalena, sou uma puta exibicionista que devia era dar tudo a instituições de solidariedade. Se falo de solidariedade, sou uma puta porque na verdade o que eu quero é mostrar-me boazinha mas não passo de uma megera nojenta, que tem dinheiro para ser solidária, porque o resto das pessoas, coitadas, não têm dinheiro para si, quanto mais para os outros.
Se digo mal de um funcionário, que me atendeu mal, e calha a chamar-lhe burro, sou uma puta que não sabe o que passam os funcionários, uma puta que está a dizer que todos os funcionários desse ramo são burros, uma puta que acha que só porque tem um curso superior é melhor que os outros, devia era virar uma dessas funcionárias para ver o que era bom.
Se me queixo de ter muito trabalho, sou uma puta porque há muita gente no desemprego e eu devia era virar as mãos para o céu e agradecer ao Senhor a oportunidade que me deu. Se digo que houve um mês pior, com menos trabalho, vão dizer que eu sou uma puta, que em vez de estar em casa armada em freelancer devia era estar sentadinha a uma secretária, que assim não me faltava o trabalho, essa é que é essa.
Se digo que baptizei os meus filhos por respeito e amizade à minha sogra, sou uma puta porque com Deus não se brinca. Se decidisse não os baptizar, apesar dos pedidos da sogra, era uma puta das piores, ingrata do caraças, coração de pedra, incapaz de descer do seu pedestal arrogante para fazer alguém feliz.
Se estou doente, e descrevo o mal-estar, sou uma puta que não sabe o que é estar realmente doente, doente à séria, em perigo de vida, com um padre ao lado pronto para a extrema unção. Se me regojizo com a minha saúde, sou uma puta que merece é ficar doente, por estar a vangloriar-se de algo que há tanta gente a não ter.
Eu podia continuar por aí fora. Mas não posso. Tenho de ir trabalhar (ai, que puta, trabalhar? E tanta gente no desemprego...). E daqui a bocado também tenho de ir fazer o almoço para os meus 3 filhos que estão em casa porque têm tosse (tosse? oh, minha puta, tosse não é doença, sabes lá tu o que é estar doente?). Ainda bem que esta gente é a minoria. São vocês, a maioria saudável, que me faz continuar a ter vontade de vir aqui contar algumas aventuras e desventuras da minha vidinha normal (normal? tu és é uma anormal de primeira! E, claro, uma puta!)
* salvo seja!"
(Por Sónia Morais Santos)

Parabéns à Sónia pelo texto e pela publicação do seu livro, com o mesmo título do blogue, desejando-lhe muito sucesso! (e que pelo menos irei espreitar, da próxima vez que passar por uma livraria...)

sexta-feira, 29 de junho de 2012

AMIGOS DOS MEUS AMIGOS...

... meus amigos são? Há lá provérbio ou ditado popular mais palerma do que este? Não são, não! Nem os seus familiares ou animais de estimação, com toda a compreensão do mundo para eventuais esquisitices...

Em tempos que já lá vão, uma colega de início de liceu - de mochila às costas e de cabelo dividido em duas grossas tranças que lhe escorriam até ao peito diminuto (na altura) - confidenciou-me, no caminho para casa, que o maior desejo que tinha na vida era ter um cão. Se não simpatizava muito com ela (um bocado marrona e tal!), fiquei a simpatizar. Não era exatamente um ideal que tivesse, mas o seu entusiasmo cativou-me... Ficámos amigas! Com o cão, ou melhor dizendo cadela, que obteve um ou dois anos depois, nem por isso! Por acaso até acho que aquela "prenda" veio fora de horas, já ela tinha outros desejos mais prementes, adeus tranças e mochila, venham daí namorados, a bicha foi só o coroar do seu massacre diário nos ouvidos dos pais.

A cadela rafeira (e não tenho nada contra rafeiros, note-se!) era estúpida todos os dias, sempre que aparecia uma visita lá em casa, toca de esconder a comida que tinha na malga debaixo da cama dos donos. Como era uma visita frequente, e talvez a minha pouca simpatia pela bicha fosse notória até para ela, durante um lanche afinfou-me uma dentada no sapato, à sorrelfa, debaixo da mesa. Doeu, embora não tanto como se estivesse de sandálias - só um canino é que chegou ao meu dedo grande do pé, a restante dentição perdeu-se no sapato em si. Foi a primeira vez que fui mordida por um canídeo, e ainda por cima por um que conhecia "de ginjeira"?

Do mesmo modo, aceito os amigos dos meus amigos, família, cão, gato, periquito ou peixinho no aquário! Agora amigos não costumam ser, até me cativarem, tal como a raposa explicou ao principezinho...

Dito isto, ontem senti-me muito bem entre amigos, à volta de umas travessas de caracóis, ultrapassando o virtual para o real! Bem hajam... amigos!



BOM FIM DE SEMANA!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

À BEIRA...

... de um ataque de nervos, ou de qualquer coisinha pior, virei croma! Ou, melhor dizendo, Chrome! 

Como quase sempre, as primeiras experiências e tentativas foram bem sucedidas, falta seguir em frente com a música tocada pelo novo "maestro"! Começando pela última, que não consegui "tocar" aqui:


Começar de novo, significa que vamos sempre aprendendo... muitas vezes, sem ser da maneira mais fácil! Importante, é a aprendizagem em si... 

quarta-feira, 27 de junho de 2012

SE EU FECHAR OS OLHOS AGORA

O romance de estreia do jornalista brasileiro Edney Silvestre prende o leitor da primeira à última página, num relato das aventuras e desventuras de dois rapazes de 12 anos, que no início dos anos 60 fazem uma descoberta que os marcará para toda a vida: o corpo de uma jovem mulher loura, esfaqueado e mutilado, na margem de um lago onde nadavam e brincavam, após terem sido expulsos de uma aula.

Nesse dia, 12 de abril de 1961, Eduardo e Paulo sonhavam vir a ser astronautas como Iuri Gagarin, que fazia o primeiro voo no espaço e de lá informava: "Eu vejo a Terra. Ela é maravilhosa. Ela é azul." Mas a inesperada descoberta leva-os antes a uma esquadra de polícia, onde são recebidos como suspeitos da morte da malograda prostituta, por um deles ter um canivete no bolso. Ambos negam conhecer a mulher, mas as atenções só são desviadas quando o marido dela, o dentista da pequena cidade, confessa o crime. No entanto, os rapazes não acreditam na culpabilidade do homem, e iniciam uma investigação por conta própria, com o precioso auxílio de Ubiratan, um velho que reside no asilo, que "pressionam" (palavra em voga, topam?) para se esquecerem de divulgar as suas múltiplas escapadelas noturnas...

"À medida que a investigação avança, vai-se adensando uma trama que envolve racismo, violência sexual e favores políticos, implicando todos os homens poderosos daquela pequena cidade do interior do Rio de Janeiro e fazendo ecoar o aviso que o velho lançara no início: «Nada neste país é o que parece»", resume a contracapa. Para variar, de alguém que o leu!

Nem só por revelar um novo escritor brasileiro a editora Planeta está de parabéns: o livro foi revisto segundo o novo acordo ortográfico, mas, em nota de rodapé, explicam-se os significados de palavras inexistentes no léxico português (de Portugal), o que facilita a leitura.

Além do enredo bem estruturado e da escrita empolgante, gostei do retrato da ambiência de um Brasil de outras eras, ainda muito subordinado a um forte poder local, moralista e conservador, mas com inúmeros "telhados de vidro"...

Citações:
"Os russos mentem para conquistar o mundo, o padre Tomás sempre avisa, em aula de Latim ele avisa: os comunistas mentem. Mas o professor Lamarca diz que são os americanos que mentem, o garoto lembrou-se. Porque eles querem a riqueza do nosso solo, nosso ouro, nosso petróleo, nossas areias monazíticas..."
  
"- Acredito que só se deve pensar no passado se isso contribuir para melhorar o presente. Caso contrário é pura nostalgia.
- Não é nostalgia o que sinto. É vergonha. Passei a vida acreditando que eu era... Que fui um, como se dizia entre nós, um lutador incansável pelas causas da liberdade. Do proletariado, dos miseráveis, dos famintos, das mulheres, dos analfabetos... dos oprimidos. Todos os oprimidos. Não fui. Representei o papel. [...] Não existe liberdade verdadeira sem o reconhecimento da liberdade e vontade do outro. Não sei o que é a vontade de uma mulher."

"Em alguns países a abundância e o luxo desenfreado de uns poucos contrastam, de maneira estridente e ofensiva, com as condições de mal-estar da maioria." (passagem da encíclica Mater et Magistra, do papa João XXIII)

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O Moyle acrescentou um novo final às (vossas) restantes conclusões da minha historieta em aberto, que podem ler aqui. Obrigada!

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FORÇA NESSAS CANELAS, RAPAZIADA!

terça-feira, 26 de junho de 2012

MOMENTOS DE LAZER...

O primeiro cartoon é de Quino e o segundo também, na mundialmente conhecida BD da Mafaldinha! Sobre TV, se bem que hoje se possam acrescentar muitos mais hobbies! Não conheço os autores dos restantes, se bem que alguns estejam devidamente assinados! Todas as imagens foram "retiradas" do facebook.

Peixes modernos, é certo, agora basta-lhes aprender a avaliar os riscos que certas brincadeiras envolvem...

Aranhas... na era da informática!

Hummm... que menino obediente!

Para o que os avós estão reservados...

E ainda se orgulha disso, né?

Divirtam-se!

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A INVENÇÃO DE HUGO

Após a morte do pai num incêndio, Hugo (Asa Butterfield) vai viver com um tio bêbado na estação de Paris de Montparnasse, onde este lhe ensina a sua profissão - fazer a manutenção e dar corda aos relógios da gare. Quando o tio também desaparece, o rapaz tenta realizar o serviço sozinho, sem chamar a atenção do sisudo inspetor da estação (Sacha Baron Cohen), sempre atento a crianças órfãs ou abandonadas, para as recambiar para o orfanato. O jovem sobrevive furtando aqui e ali alguns alimentos, mas a sua prioridade é descobrir a chave que encaixa num robot que o seu pai estava a arranjar, seu único legado, bem como encontrar as peças necessárias para o pôr a funcionar. Por isso, gama também pequenos brinquedos de corda da lojinha da estação, até que um dia é apanhado pelo dono (Ben Kingsley).
Inconsolável por este lhe ter ficado com o antigo moleskine onde se encontram os planos do robot, segue-o até casa, onde consegue pedir ajuda à fantasiosa afilhada deste, Isabelle (Chloe Grace Moretz), para o recuperar. Será que os dois jovens vão desvendar os segredos que o robot esconde?

O filme de Martin Scorcese é sobretudo uma homenagem ao cinema e aos seus primórdios, nomeadamente a Georges Méliès, o ilusionista e cineasta que após a I Guerra Mundial caiu no esquecimento, mas tido como o pai dos efeitos especiais cinematográficos. Baseado no livro de Brian Selznick e com argumento de John Logan, não tem a pretensão de retratar a vida do cineasta, que só quase no final da vida viu reconhecido o seu mérito.

Pontuado com 7.8/10 na IMDB, o filme tem ainda a particularidade de exibir pequenos excertos dessas películas iniciais dos irmãos Lumiére, Méliès, Chaplin e Buster Keaton, entre outros. E, de algum modo, também caricaturiza algumas cenas desses tempos, com as perseguições que o polícia coxo move aos miúdos por toda a estação, a par das maquilhagens carregadas, as poses quase fotográficas e a maneira artesanal de conseguir obter os efeitos especiais de então. Gostei, como não podia deixar de ser...

Imagem de cena do filme, na net.

domingo, 24 de junho de 2012

OS VÁRIOS FINAIS...

Lembram-se deste texto, onde se convidavam os comentadores a tirar as suas próprias conclusões e, se assim o entendessem, a contribuir com um final? Então, aqui estão eles, pela ordem de chegada:

Maria:
"Ela descobriu no computador do marido que ele tinha organizado umas férias surpresa para toda a família, umas férias que seriam do agrado de todos, até do dela...sentiu-se traída, não só por ele ter escondido isto dela, como também pelo 3 meses que perdeu a organizar as férias desse ano, ao mais pequeno pormenor, como fazia todos os anos, desde que casaram..."

"Se a traição é a que imagino, a estória acaba com ruptura completa e assumida."

"Pois se antes os fantasmas do passado a assombravam, não mais! Amanhã novo dia, mais livre e solta, poderia rever seus planos e agir conforme sempre quis."

"De alguma forma, a vida sempre segue, e todos viveram felizes para todo o sempreeeeeeeeee!!"


Moyle:
"Quando ele voltou, o confronto. A desilusão dela cortavam-lhe a palavra a ele. Antes de explicações o cisão absoluta, inabalável e unilateral.

Talvez ele não devesse ter mantido segredo. Uma relação constrói-se na confiança e na franqueza. Mas também descobrira que tinha aquela filha, de uma noite de maluqueira na última semana das férias grandes antes do ano de caloiro, havia poucos meses.

O despeito da esposa, a quem jurara amor eterno, não lhe permitiu ver naquelas fotografias de uma rapariga de 20 anos e, sobretudo, naquelas mensagens de e-mail mais do que luxúria, quando de amor paterno se tratava."

A maioria prefere um final feliz! Mas isso não quer dizer que, com as voltas que a vida dá e os enganos e tropeções de caminho, não se possa começar de novo e até ser mais feliz, seguindo um outro rumo... (era para colocar aqui a música da Simone, tema da série "Malú Mulher", mas hoje é o YouTube que está de birra... fica para outra ocasião!)

Obrigada a todos pela participação!

Imagem do facebook.

sábado, 23 de junho de 2012

NUM ANIVERSÁRIO DO CHICO...

"Dia 19 de junho, aniversário do Chico. Não o desta semana, mas o de 1998. Paris, Copa do Mundo, Chico fazendo 54 anos. Neste dia, pela tarde, jogariam Nigéria e não sei quem. Fiquei de ir assistir com ele no seu apartamento em Marais. Torcíamos fervorosamente pelo time africano.
Cheguei na hora combinada, vinho nacional debaixo do braço, animado. Toco o interfone. Nada. Espero uns dez minutos, ele poderia estar tomando banho, porque ia jogar futebol antes. Nada. Chegando a hora do jogo. Vou para a rue St. Paul. Tinha um bom boteco lá. Assisto todo o primeiro tempo. Volto para o apê dele. Toco, ele atende, a porta abre, eu subo.
- Fui preso!!!
Nem disse oi. Fui preso!!! Mesmo irritado, dava umas risadas. Preso, cara! Suado, ainda de calção e camiseta do Brasil.
- Preso?
- Eu e o Vinícius! Presos!
Vinícius era um músico que tinha sido jogador futebol com ele. Deu carona pru Chico num carro alugado.
- Dá para explicar?
- Ia chegar na hora, desculpa. O Vinícius me deixou ali na avenida. Quando eu abri a porta do carro pra sair, vinham duas bichinhas holandesas de moto e entraram na porta. Caíram, saiu sangue. Se tem sangue, tem polícia e ambulância. Aqui é assim. A gente tinha que esperar.
- Mas machucou muito?
- Porra nenhuma, um cortezinho de nada no joelho. (mostrou o tamanho do corte abrindo dois dedos) Dois pontinhos. Mas a bichinha ficava gemendo no chão. Eu com medo de passar algum jornalista brasileiro por ali.
- Somos uns 700!
- Pois é. Foi juntando gente e o cara lá no chão. Aí chega a viatura. Pede documentos pra mim e pru Vinícius. A gente não tinha. Eu tava assim, ó, desse jeito. Vou levar documento pra jogar futebol em Paris? Aí começou a complicar. O guarda já telefonou pra outro. Chegou o outro – enquanto a ambulância pegava os holandeses e...
- Como é que você sabe que eram holandeses.
- Tavam de laranja. Aí resolveram nos levar para a delegacia para fazer o B.O. Tentei argumentar com o cara, disse que era famoso no Brasil, que tava cheio de jornalista brasileiro na cidade, que ia ser um escândalo, aquele lero todo. Mas tinha que fazer o boletim de ocorrência. Tinha sangue, eles insistiam muito nisso.
- Sangrava muito (ele fez o gesto com os dedos e o corte estava ficando cada vez maior)?
- Uma bobagem. Aí o segundo guarda consentiu em fazer o B.O. dentro da viatura. Entramos lá dentro eu e o Vinícius no banco de trás e os dois no banco da frente.
- Nome, nacionalidade e profissão. Eu: Francisco, tal, brasileiro, músico. O Vinícius: Vinícius, tal, brasileiro, músico. O cara: data de nascimento. Eu: 19 de junho de 1944 (que é hoje, né?).
- Você ainda não deu espaço para o abraço.
- Deixa eu acabar. Quando eu falei 19 de junho de 44, o Vinícius começou a me olhar meio de lado. Quando perguntaram o nascimento dele, ele: 19 de junho de 1944. Você acredita, acredita? Nascemos no mesmo dia, mês e ano e é hoje. Aí os guardas começaram a achar que a gente tava gozando com a cara deles. Principalmente porque nós dois começamos a nos abraçar, falando em português, nos cumprimentando, né?, e os caras ficando irritados. Meu, eu não acredito. Quando a gente percebeu, a viatura já estava andando. Aí eu vi que eles viraram ali naquela esquina, aquela ali, e eu disse que morava aqui e podia pegar os documentos. O cara subiu aqui comigo e dizia: se você não nasceu hoje a Copa do Mundo acabou para você. Acredita, cara? Só não fui algemado. Vai ligando a televisão aí que eu vou tomar uma ducha rápido.
Ele foi subindo a escada.
- Chico, parabéns!
- Por que?
- Nada... A Nigéria tá perdendo.
- Que merda, cara!
mario prata"


Adorei esta estória hilariante, que copiei com foto e tudo do facebook, só acrescentei as aspas. Divirtam-se, também!

(Obrigada, S.!)

sexta-feira, 22 de junho de 2012

MAIS CASTELO!

Para cumprir a "ameaça" de vos mostrar mais alguns pontos de interesse de uma visita ao castelo de S. Jorge e arredores, exibo aqui mais algumas das muitas fotografias que tirei durante o passeio, destacando cantos, recantos, ruínas, canhões, jardins, fontes, bichos e outros encantos para olhares mais curiosos. Desde este poço centenário (certamente já muito remodelado) num espaço muito romântico...


... às estreitas e sinuosas ruas inclinadas que se avistam até desaguarem no Tejo (deste ponto nem tanto, mais para cima perdemos um pouco o seu traçado, entre cruzamentos e telhados vermelhos).

A este engalanar de janelas a comemorar santos populares, a nacionalidade e, certamente, o campeonato europeu de futebol (YESSS! JÁ CHEGÁMOS ÀS MEIAS FINAIS!), não sendo esta filha única.

Aos pavões que por lá se pavoneiam (e a estes acho piada)...

... ou às pavoas mais dedicadas a proteger a sua prole!

Aos vestígios das ruínas causadas pelo terramoto de 1755, segundo inscrição nos próprios muros que resistiram à catástrofe que quase arrasou a cidade de Lisboa.

Nalguns locais, como nesta fonte (infelizmente seca), nota-se a remodelação de betão, mas supõem-se que a bica e o vaso que receberia a água serão fruto das várias inovações que foram realizadas desde esses tempos imemoriais.

Das ameias também se avistam alguns recantos do interior, das outras ameias, para lá da paisagem sobre a cidade. E casais a namorar e a beijar-se por ali, possivelmente julgando estar livres de olhares alheios, hein? Mas os zooms das máquinas fotográfica são traiçoeiros, mesmo que não sendo muito potentes...

E encontrar um canhão, sem ninguém lá dependurado em cima a posar para a fotografia do álbum de família? Chiça, que falta de originalidade! Não sabem que contra os canhões é marchar, marchar?

Artistas de toda a espécie também povoam a entrada: músicos, artesãos, pintores, até uma estátua humana  vestida de armadura e de espada em punho numa  imaginária representação de Afonso Henriques, no dia. OK, são vários, fotografei todos, mas este pintor de elétricos (julgo que o homem da foto é o artista que os pintou) é que me caiu mais no goto. Mania de elétricos, é no que dá.

Este doce bichano também estava lá aconchegado a dormitar entre os tufos de vegetação na entrada da fortaleza, propriamente dita - subimos e descemos quase tudo, à saída ainda lá continuava...

FELIZ FIM DE SEMANA PARA TODOS!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

CONVERSAS ENTUSIASMANTES...

Há tempos, uma amiga postou no FB a fotografia de um canito e comentou alegremente: "também quero um!" Erro trágico! O post foi um sucesso, com todos os "amigos dos bichos de estimação" a aplaudirem a ideia e a darem dicas, contando entusiasticamente as suas próprias experiências pessoais. Acontece que era um mero desejo (irrealizável de momento), pois ela exerce a sua profissão no estrangeiro, viaja muito, mesmo quando está em Portugal divide o seu tempo entre Lisboa e Porto. Ou seja, por muito que gostasse da ideia - e, mais que provavelmente, de uma maior estabilidade de "poiso" - qualquer cão ou gato que adotasse estaria quase permanentemente a cargo de outras pessoas. Que, a bem dizer, também não estavam muito prái viradas... (pelo menos as que comentaram, algumas até alegando "alergias" desconhecidas até à data!)

Contudo, os tais "amigos dos animais" não deslargam tão facilmente, de vez em quando lá vem a pergunta, mesmo num post sobre o estado do tempo, a viagem que vai fazer ou já fez ou um cartoon humorístico qualquer: "Então, já adotaste o cão?" 

Ontem, por ocasião de uma homenagem póstuma a um escritor e jornalista - que por acaso foi bastante chatinha, com o principal orador a papaguear lá um longo discurso em estilo filosófico professoral, onde só se safaram as citações do homenageado, embora isso agora não interesse nada para o caso - encontrei-a e a outras amigas comuns: abraços e beijinhos à entrada, olhares entediados no durante e alguma tagarelice no final. 

Aí, estávamos todas na converseta, lá se aproxima uma outra conhecida delas com a inevitável pergunta: "Então, já adotaste o cão?" Ela sorriu, disse que não, mas a fulana ligou o turbo e desatou a relatar as suas maravilhosas alegrias com o seu cão de três meses. E como o educava. E os trocadilhos a que o nome do cachorro se prestava. A debandada do pequeno grupo foi geral  (e circunstancial), ficámos ali as duas a ouvi-la, a ver fotografias do bicho no telemóvel  (e dela, do cão e do cão e ela!), quando se entusiasmou a descrever os hábitos higiénicos e os cocós do dito nos últimos dias... 

Sou uma insensível, tá visto, porque me pirei logo de seguida!

Imagem recebida via mail.
(Obrigada, Gatinha!)

quarta-feira, 20 de junho de 2012

AVERIGUAÇÕES PARA QUÊ?

O processo de averiguações da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (vulgo, ERC), no que se refere às alegadas pressões do ministro Miguel Relvas sobre jornalistas do "Público", até dava para rir, se não fosse tão revelador da falta de vergonha na cara dos atuais governantes e do papel a que estas entidades, institutos e instituições se prestam (leia-se, dos seus órgãos decisórios e dos elementos que os constituem). Papel de embrulho, está claro!

A notícia do jornal "Expresso" é esta! Que em resumo esclarece o seguinte: o ministro vai ser ilibado, falta escrever o respetivo relatório; dos cinco elementos da ERC - onde bastam 3 votos para chegar a uma conclusão - dois foram indicados pelo PSD, outros dois pelo PS, o quinto convidado por Passos Coelho (cooptado quer dizer que todos os outros elementos concordaram ou a concordância foi entre os dois partidos?); acresce que uma delas, a ex-jornalista Raquel Alexandra, é amiga pessoal do ministro. Quer dizer, bem sei que a maioria dos tugas tem aversão à matemática, mas neste caso não há como falhar na contagem...

Esta maltosa deve de achar que os tugas só andam cá a ver passar os comboios. Ou que estes "processos" passam despercebidos, com o entusiasmo da bola. O pior é que em parte têm razão! 

Comecem bem o verão, que hoje se inicia, lá para as 11 e picos da noite! (e tratem de ser menos distraídos, OK?) 
      
Imagem do cartoonista Luís Afonso, suponho que publicada no jornal "Público" (que ele colabora com outras publicações), via facebook.

terça-feira, 19 de junho de 2012

SARDINHAS EM LATA!

Em miúda, praticamente só utilizava o metro lisboeta para ir à baixa, à costureira, ao dentista ou ao cinema, nas férias. Ou seja, era raro! A escolas - primária, ciclo e liceu - eram todas relativamente perto, de manhã cedo o meu pai levava-nos de popó, o regresso a casa já era a pé, de início acompanhado, mas depressa nos habituaram a vir sozinhas. Ainda passávamos debaixo da janela da minha avó, se ela não estava à espreita como de costume, gritávamos "Vovó!" e lá aparecia ela toda sorridente a acenar... Atravessávamos Sete Rios mas, na zona de maior trânsito, esperávamos que o polícia sinaleiro (eheheh!) nos mandasse passar... Semáforos ainda eram uma modernice desconhecida!

Como a estação de metro aqui da zona terminava em Sete Rios, frente ao Jardim Zoológico (denominação atual), as alternativas eram os elétricos amarelos, que tinham correspondência com o metro para quem seguia até Benfica - ou seja, saía-se do metro por um certo caminho, o "pica-bilhetes" picava e já não se pagava segunda viagem - ou os autocarros verdes, de carreira ou o comboio, para os residentes da Amadora e de Sintra. Pelo primeiro ano de liceu (chamava-se 3º, na altura, depois 7º unificado), muitas vezes vinha de elétrico à "pendura", com uma amiga. Tipo desporto "radical", pelo gozo da coisa! Nem era muito necessário, para mim eram apenas duas paragens de distância, para ela quatro,  mas alguns revisores mais abrutalhados tomaram-nos "de ponta" e já nos andavam a prometer estalos, "como aos rapazes". De modo que mudámos a estratégia: como toda a malta atirava os bilhetes para o chão, bastava apanhar um do dia à saída (não tinham data, mas o código era simples de decifrar: Q para quarta-feira, I para quinta e sei lá que mais), saltar uma frágil grade metálica, passar pelo "pica" e apanhar o elétrico... nas calmas! Aos 12//13 anos aquilo fazia muito sentido - se havia quem não precisava dos bilhetes, porque é que nós não podíamos aproveitar?

Todos os transportes públicos costumavam circular a abarrotar de gente, só os autocarros é que tinham um número limitado de passageiros. Assim, e poucos anos depois dessa fase, numa tarde primaveril de um calor inusitado, enfiada no metro e a suar as estopinhas (ainda vestida com uma camisola de gola alta), julguei que morria por lá!  A carruagem parou entre duas estações, quais ares condicionados quais carapuça, tudo ali enfiado como sardinha em lata,, eu já só suava e tremia, faltava-me o ar, às tantas trepei por um banco acima, para respirar junto ao postigo da janela que abria. Julgam que alguém se queixou, após a surpresa inicial?! Enganam-se! A aflição foi tão grande, que ninguém me tomou por adolescente malcriada. Mas pronto, preferi não voltar a utilizar o metro (e a fazer figuras tristes!), enquanto não me passasse aquele terror claustrofóbico. Durante cerca de 30 anos, raramente andei...

Sem recurso a psiquiatras ou psicólogos (outro género de modernice!), já voltei a viajar underground, mas o metro lisboeta também evoluiu bastante, como já relatei aqui. Dito isto, ainda pareço uma saloia lá dentro, especialmente quando não há ninguém para atender nas bilheteiras e tenho de lidar com aquelas maquinetas, quando julgo carregar o cartão com umas quantas viagens e afinal só dá para uma (e, mesmo assim, com a ajuda do segurança)!  

Um dia, talvez consiga fazer  a tal  "reportagem"!

segunda-feira, 18 de junho de 2012

CASTELO DE S. JORGE

O dia estava assim meio fusco, mas até dava jeito que não estivesse muito calor, que isto de andar a subir e a descer encostas e escadinhas com uma grande caloraça... não é para todos! O passeio há muito estava agendado, acabou sempre adiado por isto ou por aquilo, mas ontem lá seguimos rumo ao castelo de S. Jorge.

Aliando o útil ao agradável, aproveitávamos para comer umas sardinhas numa daquelas tasquinhas e depois fazíamos a visita. Como já não fomos muito cedo (o velho costume de preguiçar na cama ao domingo de manhã) e já estávamos com fome, para lá apanhámos o metro e o autocarro até às portas do castelo e foi por ali que almoçámos, tardiamente. Numa viela toda engalanada de grinaldas dos santos populares, mas um autêntico fiasco, que de frescas e boas não tinham nada, pareciam requentadas da véspera ou sabe-se-lá-de-quando (não entendo estes comerciantes que pretendem manter um negócio assim!). Mas pronto, pagámos e não bufámos e seguimos caminho...

Tal como o Fatifer avisou há uns tempos, os residentes em Lisboa não pagam entrada - bastou mostrar o cartão de contribuinte na bilheteira. Para estrangeiros e outros portugueses, o preço normal é de 7,50 €.

Mas que valem bem a pena, pelos interiores...


... como pela magnifica vista panorâmica sobre a cidade...

... e o rio Tejo:

igualmente, quanto mais alto se sobe (subi, sim, não venham cá com coisas!), mais se alargam os horizontes e melhor ficam as fotografias.

Depois da caminhada ainda nos sentámos numa esplanada a beber uma imperialzita, mas o compagnon de route estava a começar a ficar cheio de bérie-bérie-pic-pic-holandês para vir para casa ver a bola (faltavam cerca de duas horas!), quase fui arrastada encosta abaixo pela mão dele, a tirar fotografias com a outra, até que as pilhas da máquina pifaram. Coitada, estava cansada de tanta atividade e ele... aliviado, que já não havia motivo para mais paragens!

O passeio ao miradouro de santa Luzia ficou prometido para outra ocasião, a viagem de regresso teve uns pequenos percalços (ihihih, nem vou contar!) , mas foi um domingo inesquecível... por todas as razões!

Recantos, encantos, bicharada e outros pormenores que encontrámos pelo castelo e arredores, também ficarão para uma próxima oportunidade...

Parabéns à rapaziada da seleção portuguesa de futebol!

domingo, 17 de junho de 2012

GIVE ME 5!



Escrevi um texto muito longo, mas para poupar fretes e lamechices, vou resumir: a culpa foi da Isa! Ela tinha um cantinho sossegado na blogosfera, onde todas as noites postava um poema de um poeta mais ou menos famoso, que me sabia muito bem ler antes de encerrar o PC. Através dela conheci o blogue da Su e depois o do Vício (na altura, tinha outro nickname!), do Nelson e mais um ou outro, onde ia lendo outros tópicos e comentando – quando conseguia.

Daí até desejar ter um blogue meu... passaram alguns largos meses! Porque sempre adorei ler e escrever, fazia todo o sentido. Experimentei todas as dicas que a Isa me deu (via mail) e, em novembro de 2006, abri este casinhoto, para decidir por outro diferente do blogger. Cantinho ainda mais sossegadinho, onde raramente obtinha comentários. Mas escrevia, que era o que me apetecia... Até que um dia, “apagou”!

Na época, calhou estar com obras em casa – que são sempre um pandemónio – com a livralhada toda espalhada pelo chão, num total de 1128 títulos, já devidamente contabilizados e organizados num ficheiro do computador. Chateada que nem um peru (no Natal), restava o último recurso: mudar de endereço blogosférico, onde, por acaso ou sorte de principiante, encontrei a inicial inscrição no blogger. O que também facilitava comentar nos poucos blogues que conhecia ou fui conhecendo...

O resultado está à vista: no final de junho, já decidira que não existiriam mais mudanças, apesar do anterior ter reaberto, para novamente ficar mudo e quedo durante cerca de um mês, e reabrir sabe-se-lá-quando-e-como! Essa decisão nem foi longamente ponderada, a interatividade que aqui encontrei estava muito, mas muito longe, do capítulo do blogue antecedente. E isso devo à Vani, ao Vício, à Pascoalita, ao Rafeiro Perfumado, à Su, ao Capitão Merda, à Diabba e a todos os outros comentadores que se seguiram (e que já não consigo nomear individualmente, por serem muitos - cerca de 13 mil comentários depois, uma vez que quase metade são respostas minhas), que me incentivaram a continuar a escrever e a aprender com outras vivências e formas de estar. 

Hoje, com a noção de que a blogosfera também reflete o mundo real, com o prazer de ter conhecido pessoalmente alguns outros bloguistas, julgo entender o virtual e o que tem de melhor e pior. E o melhor compensa! Venham mais cinco:
 

Como para “resumo” o texto já vai mais que longo, quero simplesmente agradecer a TODOS a atenção e até o carinho demonstrados nestes 5 anos...

OBRIGADA E BEM HAJAM, AMIGOS!

Imagem da net.

sábado, 16 de junho de 2012

BOLETIM DE VOTO GREGO

O cartoon é humorístico, mas não deixa de sintetizar o que os gregos vão votar amanhã! Como não sou grega, não tenho de optar por nenhuma das cruzes, mas tenho a certeza onde votaria.

Os entendidos em politiquices consideram que o futuro da Europa se vai decidir nas eleições gregas. Como não estou assim tão a par do que se passa na Grécia, tenho apenas a sensação que, qualquer que seja o sentido de voto, o futuro próximo dos gregos não será muito risonho. O dos europeus, logo se verá...

Contudo, algumas fotografias impressionam-nos demais, como é o caso desta: um coliseu grego, transformado em "dormitório" de gente sem abrigo!

"Os miseráveis não se revoltam!", ensinou-me o professor Borges de Macedo. Desta vez, vou esperar para verificar se ele tinha razão...
 
Ambas as imagens são do facebook.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

QUESTIONAMENTO


Naquele sábado, pôs fim a todas as hesitações que se agigantavam na sua cabeça há muito tempo... talvez até demais! Mas já não conseguia controlar os pesadelos constantes que lhe atormentavam as noites e lhe ensombravam os dias, sem nenhuma certeza do que era sonho ou realidade!

Aquilo que se preparava para fazer parecia-lhe uma traição. Contudo, a ocasião era única, com a ausência dos filhos e do marido: os rapazes de férias com tios e primos, ele numa viagem a Paris, para uma reunião de negócios importante e inadiável. O silêncio ecoava entre as paredes da casa vazia, também não haveria lugar a surpresas de última hora...

Pôs uma música suave a tocar na aparelhagem e abriu uma garrafa de vinho branco, que pusera previamente a refrescar no congelador. Bebeu um pequeno gole da bebida, num travo fresco e frutado, embora ligeiramente amargo. Sabia de antemão que não ia resistir àqueles olhos negros que cintilavam de longe, como se chamassem os seus braços na sua direção, sopesando a força dos verdadeiros sentimentos.

Timída, tocou-lhe de leve na capa escura, retirando-a dos seus ombros. Insaciáveis, os seus dedos procuravam tocar na tecla exata, sem perder tempo com pormenores desnecessários, mas desvendando cada segredo daquele corpo...

Três horas depois, fechou a tampa negra e brilhante do computador portátil, que o marido esquecera em casa durante aquela reunião de fim de semana. E teve a certeza que a maior traição... não era a dela!

Deitou-se e adormeceu de seguida, sem sombra de qualquer pesadelo!

§ único – Esta estória acaba aqui? Depende de quererem (ou não) dar-lhe um outro final, que poderão acrescentar na caixa de comentários...  Escolha múltipla, topam?
 
Trata-se  da quarta e última blogagem coletiva da série "Amor aos Pedaços", iniciativa conjunta dos blogues da  Luma Rosa, da Rute e da Rosélia. Parabéns a elas, por motivarem tanta gente a escrever sobre amor... ainda que aos pedaços! 

BOM FIM DE SEMANA!
Imagem do facebook.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

ENTRADA POR SAÍDA...

Alguém sabe o que é um bX-1io90b ou um bX-zf02sn? Mensagens que o blogger me deu, quando iniciei a sessão, desprevenida...

Entrei, mas não sei se vou sair! (fora de qualquer programação e à espera que passe rápido...)

Imagem da net.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

FESTA, FUTEBÓIS E CARACÓIS!

"Santo António que loucura
o que fiz junto à fogueira
dei um salto a tal altura
paguei caro a brincadeira"

É a quadra popular que encontrei inscrita no verso da bandeira do meu manjerico. Para comemorar o santo António, não porque tenha andado a saltar fogueiras, que nem sei se ainda se acendem aí pelos bairros mais típicos de Lisboa. Ruas engalanadas por balões coloridos, sardinhas assadas, pão, saladas, vinho e cerveja com fartura, depostos em mesas improvisadas, vi até numa rua estreita e insuspeita aqui do bairro, onde a vizinhança se preparava para abancar e o cheiro das ditas na grelha já  pairava no ar. Nem toda a tradição está perdida, portanto...

Porém, cá em casa hoje é dia de festa, com o aniversário do maridão e os olhos de toda a famelga presos na TV, a apoiar a seleção. (força nessas pernas, rapaziada, que a malta está toda a torcer por vocês, OK?)

Independentemente do resultado do jogo, segue-se uma caracolada à maneira (e não, não sou eu que a cozinho), para alegrar o convívio e colocar as conversetas em dia!   

Pode não ser muito tradicional, mas é o que há! Claro que não faltará o bolo de anos, a cantoria dos "Parabéns" e o apagar das velas. Mas que venham muitos mais anos assim, a comemorar sempre o que a vida tem de melhor. Porque há momentos que nunca nos podem tirar, certo?


DIVIRTAM-SE!!!

terça-feira, 12 de junho de 2012

O DESTINO DAS ALCACHOFRAS

Na noite de santo António, rezava a tradição que se devia queimar a flor de uma alcachofra silvestre, replantá-la num vaso ou canteiro, regar a terra e esperar que voltasse a florir - se tal acontecesse, era sinal que o amor do/a jovem era correspondido, se não... nem por isso! Uns referiam que devia ser queimada na própria fogueira de rua nessa mesma noite, outros não eram tão específicos sobre o local onde se queimava. Certo é que tinha de ser nessa noite, para o "presságio" ser fiável!

Sempre achei piada a estas tradições populares - em miúda, uma coitada de uma alcachofra ainda foi vítima dessa minha vontade de saber o que o destino me reservava. Floriu! Nunca percebi o porquê de umas reflorirem e outras não. Mistérios...

Agora... comem-nas! Nunca provei, nem a a vontade é muita. Também não queimei mais nenhuma. Prefiro ver os campos salpicados pelo tom lilás das suas corolas. Certo é que as alcachofras deixaram de ser apenas procuradas no santo António: a "perseguição" agora é orquestrada pelos grandes mestres de culinária e por gastrónomos de gosto requintado.

Alguém já provou... e gostou?

segunda-feira, 11 de junho de 2012

INDOLÊNCIA...

Com tantos planos para quatro diazitos que, como sempre, passaram num instante, é óbvio que metade ficaram por concretizar. Nem mergulhos no mar, que a água ainda estava muito fria para o meu gosto... Passeios, esplanadas e petiscos não faltaram, nem muitos momentos de boa disposição em alegre convívio, algumas fotografias, mas leituras... nem por isso!

Nada de especial a relatar, portanto, ainda com os olhos cheios de mar e o cérebro naquela indolência de pós-férias - mesmo que minis, como  no caso! - já tão habitual... 

Agora é esperar pelas férias "a sério", lá mais para o verão...:


(e que essa indolência seja passageira, evidentemente!)

sexta-feira, 8 de junho de 2012

AGARREM-ME OU DOU CABO DESSES PALHACITOS!

Confesso, demorei alguns dias a ler este livro! Mas antes de tirarem conclusões precipitadas, explico já porquê: o primeiro que li do Rafeiro Perfumado, numa única noitada, quase acordou a vizinhança toda do prédio com as minhas gargalhadas; o segundo comecei a ler logo na esplanada da "Mexicana", após a apresentação, os risos diluíram-se na barulheira generalizada, mas o ritmo já foi mais vagaroso, que não pretendia atritos com vizinhos. Assim - e já que nos tempos que correm não existem muitos motivos para rir - esta onda de bom humor foi doseada, para as suas 171 páginas (fora agradecimentos!) durarem como aquelas pilhas que duram... e duram...

Sabia de antemão que alguns textos e frases foram banidos pela "iluminada" editora, por "politicamente incorretos"! Isso existe no humor?! Faz-me sempre lembrar aquele fulano muito educadinho, a contar a anedota da "puta na esquina", que começava com qualquer coisa como "estava uma menina com um grande decote e uma mini-saia reduzida, entretida a passear no passeio da rua, quando chega a uma esquina..."  Escusam de perguntar: não sei o fim da anedota, que com uma introdução destas... se não adormeci... desliguei! zzzzzz

Não é o caso aqui! Ri tanto em "horários nobres", como nos livros anteriores. E o "alguns dias" também é relativo, uma vez que já o li há bué! Então porquê só hoje escrever sobre ele, alguém adivinha? Então, pois está claro, o nosso amigo Rafeiro Perfumado vai marcar presença na Feira do Livro do Porto, no stand da Bizâncio, para a apresentação/sessão de autógrafos/beijocas-ou-abraços-aos-seus-leitores (consoante o género de cada um), dia 9 de Junho, entre as 15h31m e as 17h28m. Horas rafeirosas, portanto, sincronizadas ao minuto e muito a tempo de verem um jogo da seleção. (que não me apetece ir investigar qual é) 

A malta do Norte que se ponha a pau, que em Lisboa o livro ESGOTOU no stand! Se não quiser perder a oportunidade de dar umas boas gargalhadas, beijocar ou abraçar o maior escritor de badanas de que há memória e mostrar a verdadeira fibra de que é feita... carago!

Citações (rosnadelas, em rafeirês):
"Comecemos por dizer que as mulheres vão ao cabeleireiro não apenas para cortar o cabelo mas para se embelezarem, normalmente pela proximidade de alguma ocasião especial. Nós não, é mesmo quando nos apetece ou, no meu caso, quando começo a perder a visibilidade ou a tropeçar no cabelo. Chato é que muitas vezes vêm de lá ou iguais ou piores do que foram, pois perdem a naturalidade e, surpresa das surpresas, reagem mal aos comentários sinceros."

"[...] quem foi o iluminado que elegeu o tempo como língua oficial dos elevadores, conhecida normalmente como elevadorês?"

"O conhecimento do 'zoom' é algo muito limitado, só isso explica que por vezes se veja alguém a filmar um edifício ou monumento fazendo várias passagens com a máquina, como se o estivesse a pintar, não vá escapar algum pedacinho."

Post agendado, por razões óbvias!

quinta-feira, 7 de junho de 2012

SE PERGUNTAREM POR MIM...

... digam que fui ver o mar, trabalhar para o bronze, dar uns mergulhos, rever uma amiga, conviver com (parte d') a família, provar uns petiscos, variar na gastronomia, beber uns copos, ler uns livrinhos, jogar às cartas, passear, namorar, escrever, descansar, em suma... viver!

E assim começa o vaivém dos meses de verão, com encontros e despedidas, como nesta canção de Simone, que aqui vos deixo:


BOAS FÉRIAS (a quem vai de férias)!
BOM FIM DE SEMANA (a quem não vai)!

A TODOS: DIVIRTAM-SE!!!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

E OS DOCES RECANTOS?

São de pau, são de pedra, mas não no fim do caminho, como cantava Elis Regina, antes distribuídos ao longo de todo o percurso pedestre do Zoo de Lisboa. 

E como deixar de lhes fazer referência, se alguns são lindíssimos e ilustram tão bem a arte de azulejaria tipicamente portuguesa?

Frente a pequenos tanques cobertos de nenúfares ou a qualquer ponto da caminhada, convidam ao descanso de miúdos e graúdos, talvez até a um beijo de eternos namorados...

Mais direitos e lineares...


ou prontos a reunir toda a família em semicírculo, há bancos para  todos os gostos. Nomeadamente para fotógrafos amadores, que não conseguem passar ao lado sem uns quantos 'clics'!


Ou só para descansar os pés, quando o cansaço (ou a idade) já pesa. (o banco está lá ao longe, mas não era necessário incomodar a senhora...)

Confesso que os de azulejo são os que mais me encantam, daí terem sido o alvo preferencial da máquina fotográfica, mas facto é que o "jaleco" tem sempre novos recantos para explorar e muito para fotografar. Dependendo dos olhos de cada um...