quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

À VOLTA DOS "TRAPINHOS"!

Os vestidos glamorosos das estrelas de Hollywood, na cerimónia dos Oscar, fazem sempre correr muita tinta e, dizem os entendidos, indicam as tendências da moda dos costureiros. Em 2012 não foi diferente! E antes que comecem a pensar que pretendo que identifiquem todas estas artistas de cinema e/ou os estilistas que as vestiram, aviso desde já que não...  

Assim, na colagem fotográfica acima (A), onde impera o branco, podem ver os vestidos que Mila Jovovich (1), Octavia Spencer (2), Gwyneth Paltrow (3), Shailene Woodley (4) e Rooney Mara (5) usaram na ocasião.

Nesta segunda colagem, B, os que Jennifer Lopez (6), Cameron Diaz (7) e Bérénice Bejo (8) envergaram, em tons pastel.

As adeptas de "com um simples vestido preto, nunca me comprometo" foram estas, na composição fotográfica C : Anna Faris (9), Angelina Jolie (10), Rose Byrne (11), Tina Fey (12) e Jessica Chastain (13).

A ombrear com a estatueta dourada, Stacy Kleiber (14) e Meryl Streep (15), na colagem D.

Na E, encontramos Penelope Cruz (16), Natalie Portman (17), Missi Pyle (18), Maya Rudolph  (19) e Michele Williams (20), preferindo tons coloridos na sua indumentária.

Igualmente exibindo modelos com cores marcantes ou policromáticas, na F: Emma Stone (21), Viola Davis (22), Glen Close (23) e Sandra Bullock (24).

Confesso que, mesmo nem sequer sonhando algum dia vir a ter um vestido com tanto estilo, gosto de ver e de apreciar. E embora considere alguns lindíssimos... outros não os vestia! Portanto, a minha proposta é a seguinte: escolham os três modelos que mais gostam e os três que menos gostam, independentemente da juventude, beleza, fama, talento e compleição física de cada uma das "modelos" cinematográficas aqui apresentadas. Por ordem decrescente, se fazem favor! Ah, já tinham suspeitado que aquele número após o nome da atriz não estava lá em vão? Pois é, já me conhecem, eheheh! Mas resumindo - quais são os vestidos mais elegantes e adequados e os menos? É apenas uma questão de gosto pessoal, nada que as afete por aí além... (até porque não costumam ler este blogue...)

Vamos a votos? Só voto no final, que no caso deste mini-concurso-armado-em-dondoca, será na próxima sexta-feira, até às 23h e 59m. No sábado publicarei o resultado de todas as votações!

Imagens da net, como não poderia deixar de ser.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A METER ÁGUA...

Que a água é um bem essencial à sobrevivência do Homem, não restam dúvidas! Que tem chovido pouco ou quase nada em Portugal neste inverno, também não. E que a falta de chuva prejudica a agricultura, idem idem aspas aspas. Já me custa mais engolir que a atual ministra da agricultura - ambiente, mar e mais não importa o quê - se limite a ter fé (no S. Pedro?!) que vai chover: certamente poderia implementar algumas ações que atenuassem os prováveis prejuízos - não só dos agricultores, mas como de todos nós, que na escassez de determinados produtos igualmente essenciais, depois os pagamos a peso de ouro. E ouro, já se sabe, não abunda por cá...

Contudo, não foi esta a razão da água ter sido motivo de discussão na Assembleia da República. Em causa, para os deputados, estava o fornecimento das águas que eles bebem em reuniões, plenários, comissões, etc. e tal. Engarrafada e mineral, que aquilo é tudo gente chique. Mas como há por lá uns "perigosos" ambientalistas, preocupados com o desperdício desnecessário de tanto vasilhame por ano, foi efetuada uma proposta no sentido de passarem todos a beber água da torneira. Não caiu o Carmo e a Trindade, porque estes já deviam estar ocupados com as manifestações de fé de Assunção Cristas... adiante!

Como não podia deixar de ser, neste assunto tão relevante para o país, o caso foi estudado pelo conselho de administração da AR, que chegou a esta brilhante conclusão: a água da torneira sai mais cara que a engarrafada! Como é que é?!?

Então, grosso modo, as contas foram feitas levando em conta os jarros de água que se tinham de comprar, os maiores custos com os ordenados das funcionárias que os tinham de transportar e lavar e mais não sei o quê. António Couto dos Santos, presidente do dito conselho (será aquele antigo ministro da educação?), defendeu que os custos eram dez vezes maiores. Se não fosse tão ridículo, por esta altura estávamos todos a rir até às lágrimas, a imaginar as garrafinhas e os copos a voar até às mesas de trabalho... sem intervenção de uma única auxiliar de manutenção e limpeza (contínua, não sei porquê, hoje em dia é uma terminologia mal vista, como se não fosse um trabalho tão digno como os outros)!

Rir é bom, mas tomarem-nos por parvos chateia...

Imagem da net, suponho que promocional do dia mundial da água, a 22 de março.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O "TIO" OSCAR, EM 2012!

Ah, pois é, só me falta pôr um turbante na cabeça e adivinhar o futuro com uma bola de Crystal! OK, não acertei tudinho, mas andei lá muito perto. Em abono da verdade, mais devido à previsibilidade dos vencedores do que aos meus dotes para a futurologia...

Billy animou a gala com algumas cenas caricaturadas dos filmes, alfinetadas aos nomeados - também ele adivinhando-lhes o pensamento (dois adivinhos não são demais?!) -, brincando com o nome da sala que foi alterado de Kodak Theatre para nem percebi o quê (devido a patrocínios e coisa, que não nos interessam nada!) e a presença simpática e bem-humorada a que nos habituou noutras cerimónias anteriores.

Mas vamos ao que interessa: "Hugo" foi o primeiro vencedor da noite, arrebatando o Oscar de melhor fotografia e de direção artística, aos quais se seguiriam, mais tarde, outros de categorias técnicas como som e mistura de som e ainda efeitos especiais, num total de 5 estatuetas douradas das 11 para que fora nomeado. 

Octavia Spencer levou para casa o Oscar de melhor atriz secundária, sendo ovacionada de pé pelo público presente...

... enquanto Christopher Plummer se confirmou como melhor ator secundário, aos 82 anos de idade, tendo um dos melhores discursos da noite, ao olhar para a estatueta e perguntando-lhe diretamente: "Tens só mais dois anos que eu, onde é que andaste durante toda a minha vida?"

O desempenho de Meryl Streep como "dama de ferro" foi reconhecido e premiado! Merecido ao fim do maior número de nomeações como atriz desde os primórdios da sua carreira - esta era a sua 17ª nomeação - sendo que até agora apenas tinha ganho dois, o último dos quais em 1983. Também foi ovacionada de pé pelos seus pares e o filme recebeu igualmente o Oscar de melhor caracterização.

Jean Dujardin ficou literalmente esfuziante com o Oscar para melhor ator, mas "O Artista" recebeu, ao longo da noite, os galardões mais significativos de Hollywood: melhor filme e realizador (Michel Hazanavicius), a par de banda sonora e de guarda-roupa. Ou seja, equiparando-se a "Hugo" nas 5 estatuetas, mas... hélas!... mais relevantes!

O Oscar do "desempate" seria o da montagem, mas aí a preferência da Academia foi para "Millennium 1 - Os Homens que Odeiam as Mulheres" (assim com o travo de única surpresa da noite). "Meia-Noite em Paris" recebeu o Oscar de melhor argumento original, enquanto "Os Descendentes" conseguiram o do adaptado. 

O filme iraniano "Uma Separação" também venceu na categoria de filme estrangeiro e "Rango" no filme animado.

E se bem que ainda houvesse muito mais a dizer, sobre o Cirque du Soleil, outros homenageados e tal, por hoje... "That's all, folks"!

Imagens da net.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

E O OSCAR VAI PARA...?

OK, não tive oportunidade de ver todos os filmes que concorrem à 84ª edição dos Oscar de Hollywood, mas, mesmo assim, vou dar os meus palpites e que são bem simples: "O Artista" vai arrasar, levando uma série de estatuetas douradas para casa, nas principais categorias: melhor filme, realizador, ator, banda sonora, montagem e, possivelmente, guarda-roupa.

"As Serviçais" vão ganhar apenas os galardões para melhor atriz principal e secundária (Octavia Spencer). Quer dizer, Meryl Streep é a favorita como atriz principal, mas estou a torcer pela Viola Davis, como já referi, enquanto o melhor ator secundário deverá ser Christopher Plummer, em "Assim é o Amor" - este não sei se vou conseguir ver, porque tenho impressão que já saiu de cartaz.

"Meia-Noite em Paris" é o meu preferido para melhor argumento original e, em relação ao Oscar para argumento adaptado, só vi  "Os Descendentes" e "Os Idos de Março", sendo que o primeiro é um candidato mais bem posicionado. 
 
O filme iraniano "Uma Separação" é tido à partida como o vencedor do melhor filme estrangeiro. Também considero "O Gato das Botas" o melhor desenho animado, embora "Rango" seja dado como favorito nesta categoria - o que me espanta, porque gostei tão pouco, que acho que nem o mencionai aqui! "A Dama de Ferro" ganhará muito bem a melhor caracterização e suponho que "Hugo" será o candidato mais forte para vencer na direção artística e, provavelmente, na fotografia... 

Quais são os vossos palpites? 

Imagem da net.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

RING A BELL?

Quem é que estranha se um homem chega a uma estação de metro, abre uma pequena caixa que deixa no chão, enquanto retira de lá um violino e começa a tocar? O caso não é recente, ocorreu na fria manhã de 12 de janeiro de 2007, sexta-feira, pouco antes das 8 da manhã na estação L'Enfant Plaza, em Washington DC. O homem tocou  6 temas clássicos - Bach e Schubert, entre outros - durante 43 minutos. Dos 1097 utentes do metro que por ali passaram, apenas 7 pararam para o ouvir por mais de um minuto, havendo outros que, mesmo apressados, lhe atiraram umas moedas para a caixa do violino. No final, angariou 32 dólares e 17 cêntimos.

Esta história tem a curiosidade do homem ser este:

Sabem quem é? Calma, que não é para adivinhar! Imagino que não - eu própria não sabia (mas reconheço que os meus conhecimentos musicais são muito parcos...)! Trata-se de Joshua Bell, um dos violinistas mais famosos do mundo, que acedeu à proposta que lhe foi feita pelo "The Washington Post" para participar num artigo que visava perceber se, num ambiente e momento inesperado, as pessoas reconheciam o encanto da música clássica tocada por um dos seus expoentes máximos. Ficou comprovado que não, mas que há exceções!

O artigo é muito longo, mas relata o seguinte, resumidamente: o jornal contactou cerca de 40 pessoas que passaram na estação nesse dia e hora, nomeadamente as que escutaram a música e algumas das restantes. Entre estas, um ia de headphones nos ouvidos com música do seu Ipod, não ouviu nem viu o músico, outros agarrados ao telemóvel, uma mãe apressada para levar o filho pequeno à escola - ele, sim, interessado na música! - arrastou-o o melhor que conseguiu, embora o miúdo persistisse em olhar para trás. Das sete pessoas que permaneceram mais de um minuto a ouvir o músico, só uma o reconheceu, pois tinha-o visto recentemente (num concerto que deu gratuitamente) e outro estudara violino, pelo que percebeu imediatamente que não era um mendigo "vulgar"...

Acrescente-se ainda que o violino de Joshua é um Stradivarius, com um valor estimado em 3,5 milhões de dólares e que, para obter um lugar nos seus concertos, há que pagar uma média de 100 dólares. Que gentinha distraída, hein?!

Fica o "compactado" vídeo da experiência:


Tenham um...
EXCELENTE FIM DE SEMANA!
(de preferência, sem nada vos passar "ao lado"...)

Imagens da net.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O FERRÃO DA MORTE

Quase a terminar a meia dúzia de livros de bolso de Ruth Rendell, que comprei na Feira do Livro de Lisboa do ano passado, a bom preço (como se nota!), devo esclarecer o seguinte: não fosse eu fã incondicional da escritora, há muito tinha desistido! Talvez com o tempo me tenha tornado mais exigente, mas é tanta gralha uma atrás da outra, que nem sei se a culpa é do tradutor, da gráfica ou do desplante da editora de colocar à venda livros que, obviamente, nunca foram lidos ou revistos.

Quanto ao enredo - policial, como é timbre da escritora - as surpresas sucedem-se a cada uma das 129 páginas. Até meio, só ficamos com a sensação que naquela zona residencial de elite, em Linchester, na Inglaterra dos anos 60 do século passado, a prosperidade e a felicidade são apenas aparentes à primeira vista. Mas tudo começa com ninhos de vespas... e na vontade de as exterminar!

Tamsin Selby, uma bela, simpática e rica herdeira parece ser a maior atração local, enquanto o seu marido (e primo), Patrick, vai conquistando ódios e invejas em seu redor, como empresário bem sucedido. Para comemorar o seu aniversário, Tamsin resolve dar uma festa convidando toda a vizinhança - o dr. Greenleaf e a esposa, os casais Gage, Gaveston, Miller e Smith-King, os irmãos Edward e Freda Carnaby e o solitário Marvell. No meio da festa, um súbito ataque de vespas sobre os convivas e a comida faz com que o dono da casa tente exterminar um ninho delas, que se encontra no telhado, com um spray adequado. E é quando está a realizar essa operação que é picado quatro vezes, quase caindo da escada onde está empoleirado. O desconforto e as dores que as picadas lhe provocam acabam com a festa e os convidados retiram-se, ficando apenas o médico que lhe prescreve um anti-histamínico e um comprimido para dormir. Contudo, no dia seguinte, Patrick é encontrado morto. A autópsia revela que morreu de paragem cardíaca e a vida prossegue como de habitual em Linchester. Até que as bisbilhoteiras locais começam a lançar boatos de que a viúva tinha tudo a ganhar com a morte do marido, que pretendia o divórcio...

Muito bom, para não variar!

Citações:
"As tentativas para detectar pulsações ou palpitações do coração não passavam de uma farsa, pois apercebera-se da realidade no momento em que entrara no quarto. Os mortos parecem sempre muito mortos, como se nunca tivessem estado vivos."

"Enquanto lavava a louça e a colocava no secador, reflectia, com a ponta de superioridade que se permitia,  que, quando alguém mencionava as compensações de uma vocação para a medicina, ignorava aquela: o prazer de demolir as teorias dos leigos."

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A DAMA DE FERRO

Mais filmes?! Isto é castigo?!? Não, não é! Apenas uma vã tentativa de visionar o maior número de filmes candidatos aos Oscar - já na próxima madrugada de segunda-feira, para quem vive em Portugal - e ter uma noção menos vaga da justiça dos prémios!

A vida de Margaret Thatcher nunca me interessou minimamente, a ideia que me ficou dela dos seus tempos de (primeira) primeira-ministra britânica não é particularmente abonatória, só Meryl Streep me levava ao cinema para ver um filme sobre a mulher. Quer dizer, ela e a minha mãe, que me convidou para assistir à sessão...

Bom, para quem tenha a ilusão que Phyllida Lloyd pretendeu realizar um retrato histórico e fiel da "dama de ferro", bem pode ir tirando o burrico da chuva (não andamos a passar de cavalo para burro? então não é necessário explicar a expressão...): a mulher, demente e com alucinações, passa a maior parte do tempo entre as paredes da sua casa e, em momentos de maior lucidez, vai  relembrando algumas passagens da sua vida. As recordações vão desde os primórdios de filha de merceeiro - que no meio de um bombardeamento, durante a II Guerra Mundial, sai do abrigo para tapar a manteiga do estabelecimento com uma campânula de vidro (?!?) - passando pela notícia da bolsa de estudo obtida em Oxford e pela atitude de superioridade com que os gentlemen da aristocracia britânica a admitiram no partido conservador e, finalmente, por diversas fases da sua carreira política e de algumas das múltiplas contestações que suscitou, entre a população ou até no núcleo duro do próprio partido. Nos entrementes, vai mantendo conversas esotéricas com o marido que já morreu há 8 anos, possivelmente para não perdermos o fio à meada e percebermos a dimensão do seu estado demencial. 

Contudo, o trailer não mostra muito essa perspetiva:


Sem Meryl Streep (e Jim Broadbent, que desempenha o papel de Denis Thatcher) e sem a extraordinária caracterização, este filme valia zero! E não muda em nada a má imagem que ainda persiste dessa segunda dama inglesa (sendo a primeira a rainha, evidentemente!): dura, inflexível, orgulhosa, conservadora, ambiciosa, fria e insensível, apesar de corajosa! Mas coragem está longe de ser tudo!  6.3, na classificação até 10 da IMDB, dá uma ideia?
 
Como fã incondicional da atriz, custa-me preferir que seja Viola Davis a ganhar o Oscar, com "As Serviçais": mais filme, uma temática mais interessante e profunda, um desempenho igualmente impressionante, sem ter de fazer de louca... (que, já se sabe, ser uma das preferências de Hollywood!) 
 
Imagem de cena do filme da net.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

É CARNAVAL!!!

Mais uma fotografia do vovô, no álbum de família! Por acaso, nesta a esboçar um sorriso, como se adivinhasse os carnavais que se seguiriam - os dele, com o fim da estopada de se ter de mascarar anualmente, porque as tias o desejavam como companheiro de folia, ou outros mais distantes... como o atual!

Imagino a motivação e o empenho daqueles (poucos) portugueses que hoje foram trabalhar - porque deu na veneta ao PM... - arriscando-se seriamente a passar o dia a... olhar para as moscas! Médicos não dão consultas externas nos hospitais, juízes não marcaram audiências com a devida antecedência, professores não têm aulas extra na manga à última hora (uma vez que o calendário escolar é estipulado no início do ano letivo) e muitos funcionários camarários foram liberados pelas próprias Câmaras, tenham ou não corsos carnavalescos por lá. Todavia, sobra sempre para alguém...

Mas "a Vida são dois dias e o Carnaval são três", segundo reza o ditado popular, toca a animar, com uma musiquinha do Chico que até se enquadra na época festiva:


BOM CARNAVAL E DIVIRTAM-SE!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

SABER OUVIR!

OK, é só um cartoon humorístico! Mas os políticos deste mundo e outros indivíduos em cargos de responsabilidade bem podiam prestar atenção antes de dizer barbaridades. Nem me estou a referir aos nacionais - que esses é quase uma atoarda por dia (os mais benévolos perdoam seraficamente, que são "frases retiradas do contexto" e teretetéu pardais ao ninho...) - mas há por aí outros que não lhes ficam atrás, na falta de neurónios antes de abrirem as bocarras... 

Em dois exemplos recentes: uma governante francesa aconselhava os sem-abrigo a não saírem de casa, devido ao frio; e um juiz brasileiro sentenciou prisão domiciliária a um sem-abrigo!  Esta malta droga-se ou também tem um problema com bebidas?!

(curioso também é que estas historietas foram partilhadas no FB até à exaustão, com malta muito satisfeita a afirmar que afinal "não era só cá!"; gabo-lhes a galhardia, mas dislates destes não me alegram em lado nenhum...)

CONTINUAÇÃO DE BOM CARNAVAL!

(Obrigada, Palicha!)
Imagem recebida por mail.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

O ARTISTA

Um filme mudo e a preto e branco, nos dias de hoje? E tanta gente rendida aos seus encantos, a ponto de ter uma classificação de 8.4/10 na IMDB e nomeado em 11 categorias na cerimónia dos OSCAR 2012? No mínimo, tem de ser muito original... E é!

George Valentin (Jean Dujardin) - nome que, à partida, nos recorda logo o do célebre Rodolfo Valentino - é uma estrela do cinema mudo, sempre rodeado de fãs e de jornalistas nas suas aparições públicas, mas mantendo o sorriso e a boa disposição nessas ocasiões. É numa delas que choca com Peppy Miller (Bérénice Bejo) e a jovem fica atrapalhada, mas ele brinca com ela que, por fim, lhe dá um beijo na face, momento captado pelos fotógrafos presentes que, posteriormente, publicam as fotografias nas primeiras páginas dos jornais. Apesar de viver numa enorme mansão hollywoodesca, a sua vida privada não parece ser tão animada: a mulher, loira e de arzinho enfastiado, não aparenta grande interesse nele, só o seu cão (também companheiro de filmagens) lhe proporciona agradável companhia. Decorre então o ano de 1927, que, como se sabe, foi o da estreia do primeiro filme sonoro - "The Jazz Singer"!

Valentin volta a encontrar Peppy (que está a dar os primeiros passos como atriz) e contracena com ela numas filmagens, sendo a atração mútua notória. Mas agora a carreira dele começa a entrar em declínio, pois recusa-se a fazer filmes sonoros, que não evidenciam a sua arte de ator, enquanto a dela está em franca ascensão. Despedido dos estúdios faz o seu próprio filme mudo - tornado um fiasco de bilheteira - e, para piorar ainda mais a situação, a grande depressão de 1929 leva-o à ruína...

Para quem ainda não viu, espreitem o trailer


Terminada a sessão, não sabemos exatamente o que mais nos cativou: a história simples e sem pretensões, que, não sendo um retrato da época, aborda suavemente os dramas vividos nesses anos? A música orquestral que funciona como fio condutor das emoções vividas na tela? Os trejeitos da face do ator que tão bem imitam as estrelas do cinema mudo? A fotografia a preto e branco, marca de outros tempos? O modo como sentimos a alegria e a tristeza, a ternura e a amargura, os sonhos e o desespero de cada uma das personagens, quase sem palavras? O cão que faz um papelão?

Uma obra deste fôlego só podia ter dois finais: ou um retumbante fracasso ou um "happy end" fenomenal! Independentemente dos prémios cinematográficos que já recebeu e dos que ainda venha a alcançar, a película realizada por Michel Hazanavicius é, sem sombra de dúvida, uma obra de génio!
 
Imagem de cena do filme da net.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

CARINHAS LAROCAS

1 - Judy Garland
A avaliar pelas fotografias a preto e branco, a época era outra. A maioria destes antigos pequenos atores ainda é viva. Creio que será muito fácil a todos identificá-los! (pelo menos para os mais cotas, eheheh!)

2 - Joselito (José Jiménez Fernández)
Nem todos de Hollywood, mas todos do cinema que em tempos idos nos encantaram...

3 - Shirley Temple 
Alguns tiveram um futuro promissor, na 7ª arte ou fora dela, outros nem tanto. A vida tem destas coisas, nem o facto de se ser uma estrela precoce dá garantias de um futuro brilhante... Por vezes até complica!

4 - Mickey Rooney
Também existiam diversas séries interpretadas por crianças e adolescentes, mas esses ficarão para outro dia, além de que são mais desconhecidos, muitos deles simplesmente desapareceram, sem deixar rasto em qualquer outro ecrã...
5 - Marisol (Josefa Flores González ou Pepa Flores)
Crianças têm uma atração especial pelas outras crianças, encontrei todos estes na televisão, especialmente naquelas inolvidáveis tardes de cinema de domingo, nos meados e finais dos anos 60 e inícios de 70. Já eles eram bem mais crescidinhos, alguns até mais velhos do que a minha mãe, mas quem adivinhava?

Então venham daí os vossos palpites!

Adenda a 18 de Fevereiro de 2012: As fotografias já estão devidamente legendadas a vermelho;  o Rui da Bica (em todas), a Ematejoca e a Catarina foram os que mais acertaram, seguidos da Luisa e da Maria, ambas com dois acertos Obrigada a todos pela participação!

BOM CARNAVAL PARA TODOS!

Imagens da net.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

MAMÃ, DÁ LICENÇA?

Na brincadeira infantil era assim: um puto fazia de "mamã", os restantes obedeciam às suas ordens. À partida todos os miúdos estavam na mesma linha, mas a "mamã" ia-lhes dando a medida dos seus passos - à bebé, à coelho, à tesoura, à caranguejo, à canguru, à gigante, etc. e tal. Claro que no final ganhava quem a "mamã" queria, mas depois outra criança assumia o papel e o resultado era diferente. Melhor ainda, ninguém se chateava!

Vem isto a propósito do Carnaval! Não para repetir a mesma dose anterior (esperem pelas seguintes!) - e a já aqui evidenciada pouca perspicácia dos governantes que o pretende(ra)m eliminar do calendário - mas para dar conta do patronato desta terra, a dar os mesmos passos. 

Para quem não sabe, ainda existem contratos coletivos de trabalho que estipulam a terça-feira de Carnaval como feriado (ou dia de descanso?) para os trabalhadores. Efetivos, evidentemente, e provavelmente extensível aos contratados a prazo, sem sombra de dúvida excluindo os que trabalham a recibos verdes... (os eternos mal-amados!)

Pior é que alguns patrões, possivelmente entusiasmados com as novas leis laborais deste "passos de caranguejo" (que é como quem diz "oh tempo, volta para trás!"), resolveram fazer "vista grossa" sobre os ditos contratos coletivos e determinaram que lá no estaminé deles também não havia "tolerância de ponto"! Queriduchos como sempre, mas com que razão? Tolerância seria para quem não tinha esse direito adquirido, ou andamos todos a brincar à "mamã, dá licença"?!?

(Ah e tal, que nada disto me afeta a MIM? Pois então esperem pela "pancada"...)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A LIVRARIA

Em 1959, Florence Green, uma viúva de meia-idade, decide abrir a única livraria de Hardborough, na vila costeira inglesa onde reside. Para o efeito, pede um empréstimo bancário para adquirir Old House, "uma pequena propriedade com armazém próprio na primeira linha de praia", há muito desocupada devido à crença local de estar assombrada, sem compradores concorrentes à vista. Florence teve experiência no ramo livreiro no passado e está disposta a pô-la novamente em prática e a dinamizar a leitura naquele recanto do mundo, onde a vida cultural é praticamente inexistente.

Com o que ela não conta é com a subtil mas tenaz oposição ao projeto da figura londrina mais proeminente da vila, Violet Gamart, mulher do general com o mesmo apelido. Esta alude - numa das suas festas, para a qual foi inusitadamente convidada - que nutria outros planos para o local: "um centro de artes", com "música de câmara no Verão" e "palestras no Inverno", apelando a que reconsidere a sua decisão. Não havendo nada a reconsiderar, uma vez que o negócio já fora efetuado, Florence mete mãos à obra, tendo para tal a ajuda dos escuteiros, que montam as prateleiras das estantes na loja, e a de Christine Gipping, uma menina de 10 anos que a auxilia, após as aulas, na livraria e no serviço de biblioteca que entretanto idealizou. O inesperado apoio do velho Brundish, a personagem mais ilustre da terra, que se recusa a manter contatos com a vizinhança, é bem-vindo e animador, embora possa suscitar algum despeito na mulher do general, que nunca teve ocasião de privar com ele. Contudo, quando põe à venda o livro "Lolita", de Vladimir Nabokov, a animosidade contra a livraria começa a manifestar-se de outras formas...

Mais do que do enredo em si, gostei do modo como Penelope Fitzgerald narra e retrata aquela pequena comunidade conservadora e hipócrita (numa escrita clara e concisa, mas em que se tem de ler nas entrelinhas das palavras que não se proferem!), apenas aparentemente amável e prestável, mas indiferente a qualquer inovação ou progresso. Coisa que está longe de acontecer somente em vilórias inglesas dos anos 50!

Note-se ainda que apesar da publicidade na capa, e sendo este romance um dos finalistas ao conceituado prémio literário Booker Prize, não foi com ele que a escritora o conquistou, mas sim com "Offshore", em 1979.

Citações:

"Resumindo, enganou-se a si mesma fazendo de conta durante um momento que os seres humanos não estão divididos em exterminadores e exterminados, os primeiros predominando em qualquer altura. A força de vontade nada serve sem um objectivo."

"- Por favor, não fiques com a ideia de que não quero considerar-te para o trabalho. É só porque, na verdade, não pareces ter idade suficiente, ou força.
- Não pode dizer isso só de olhar. A senhora parece velha e não tem ar de forte. Não fará grande diferença, desde que fique com uma de nós. Somos todas muito habilidosas."

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

CANÇÕES DE AMOR...

"Cada dia te amo mais, hoje mais que ontem e bem menos que amanhã."
Rosemonde Gérard, num poema dedicado a seu marido, Edmond Rostand, no século XIX.

Seria portanto de imaginar que os dois poetas vivessem felizes para sempre, como nos contos de fadas, embalados pelo gosto comum pela poesia e pelo teatro, mas tal não aconteceu: um dia, tomado de amores por uma jovem atriz, ele abandonou a mulher para não mais voltar. Ou julgam que no início do século XX os amores e desamores não aconteciam?

Edmond viria a falecer uns três anos depois, da gripe pneumónica que assolou a Europa em 1918, a mulher e a amante sobreviver-lhe-iam durante várias décadas...

Ah e tal que estou pessimista e com pensamentos negativos? Nada isso! O amor é bom, enquanto ambos  partilham sentimentos, cumplicidades e momentos de paixão, carinho e ternura. Assim, é de aproveitar hoje e sempre, em qualquer fase da vida, como se não houvesse amanhã. Quanto ao resto... o tempo o dirá!
 

DIVIRTAM-SE!
(se for caso disso...)

Imagem da net.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

J. EDGAR

J. Edgar Hoover foi uma das personagens mais controversas da história dos EUA do século passado, mantendo-se na direção do FBI (e na organização congénere que o antecedeu) durante 48 anos: desde 1924 a 1972 (até à data da sua morte).

O retrato traçado por Clint Eastwood não pretende esclarecer a verdade nua e crua sobre o antigo diretor do FBI, que tanto inovou os processos de investigação policial e agilizou a sua eficácia, como se suspeita que, para manter o cargo durante todo esse tempo, lançou mão a todas as informações privilegiadas (ou inventadas?) que detinha, numa subtil chantagem sobre a vida pessoal e familiar dos diversos presidentes norte-americanos.  Carregava sempre um pequeno dossier, a cada entrevista com um novo presidente - e nunca nenhum dos oito por que passou o demitiu, embora fosse essa a sua manifesta intenção...

Hoover apresenta-se um bocado paranoico e ditatorial - subjugado à moral da sua mãezinha e não assumindo a sua orientação sexual - encarando-se a si próprio como grande defensor contra o comunismo, os gangsters da Máfia e todos os movimentos radicais, tendo sede de protagonismo nesses combates. De caminho, também dispensando os agentes ao seu serviço que lhe pudessem fazer sombra! Uma verdadeira "pérola", como se pode constatar no trailer: 


Leonardo DiCaprio, Armie Hammer (um giraço!), Naomi Watts e Judi Dench protagonizam os principais papéis, em secundaríssimo plano ainda podemos encontrar Dermot Mulroney, como agente policial que investiga o caso Lindbergh.

Gostei no que tem de história, mesmo que pela rama, e das interpretações dos atores. Percebe-se também que no American Film Institute e no IMDB (classificação de 7/10) a película não tenha sido acolhida com satisfação, nem sequer nomeada para os Oscar. Telhados de vidro... ou de zinco quente?

Imagem de cena do filme, da net.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

COUSAS DE CAVALLEIROS DE LETTRAS...

Caricatura de Henrique Monteiro, do blogue HenriCartoon.

Já escrevi aqui tantas vezes sobre o "novo" acordo ortográfico, que data de 1990 (isso não é já ser antigo, para um acordo internacional?), que não me vou repetir: discordei da forma como foi alterado - em gabinetes de elites "iluminadas" - mas, em relação ao conteúdo, quem sou eu para me pronunciar? Algumas regras parecem-me mais felizes que outras, só isso... Adiante!

Também não me vou deter na atitude de Vasco Graça Moura, ao chegar à presidência do CCB e decidir que ali não há "modernices" ortográficas até 2014 - ou até ser substituído, vá! Cada um toma as atitudes que quer, se o governo é frouxo e as aceita de um dos seus boys mais empedernidos, who cares? Ficamos apenas com a noção que, nestes assuntos (só?!), o aparatchik laranja fala mais alto do que qualquer tratado internacional...

Dito isto, estou farta de me rir com a celeuma que voltou a gerar, tanto com a caricatura, como com dois belíssimos textos que nos ensinam a escrever com a ortographia das nossas origens (ou quási):

- "A voz das consoantes sem voz", de Rui Tavares;

- "Parenthesys", de Vitor Fernandes.

Vale que ainda há sentido de humor nesta terra!

ps - o título foi  "extraído" do vernáculo das primeiras páginas de "Frei Luís de Sousa", de Almeida Garrett, na versão original de 1844...

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

FAÇO MINHAS AS VOSSAS PALAVRAS!

No silêncio da noite, saiu uma mulher do botequim abraçada a um marinheiro, enquanto o homem de chapéu preto se desviou, para não esbarrar com ambos. "Puta de vida!" - exclamou ela, visivelmente embriagada. Filhos de ninguém, tal e qual como bonecos em ondas de desperdício, pareciam cruzar-se sempre naquelas calçadas portuguesas, sem que os pobres de espírito lhes vislumbrassem destino. Ismael - o homem do chapéu - tinha outra visão das estratégias de atração, a explicação do real parecia-lhe saída de uma página de Dickens...

Passara grande parte da sua vida a estudar e a ensinar, enfiado em bibliotecas, dançando com livros, onde aprendera banalidades... e coisas sérias! Gente era gente, ainda que desconhecida - havia que ter tanto respeitinho com o sr. arrumador como com o sr. administrador. Das longas cruzadas nos livros e das decisões inopinadas que nos fazem correr riscos desnecessários, descobrira pequenos truques para não julgar apenas pelas aparências. Contudo, tinha dificuldade em transmitir essa mensagem aos seus alunos. "Ser professor é, também, sentirmo-nos impotentes!" - sossegara-o um amigo.

Caminhava em direção à sua casa vazia, recordando ser aquele o primeiro aniversário da sua neta. Lamentava não lhe poder contar histórias de vampiros versus fadas, tal como fizera com a filha, mas viviam num país distante. E a banda desenhada - puro deleite! - quem a ensinaria a gostar? Mas não podia partir em viagens ao sabor da vontade, o ordenado e os horários de professor não o permitiam. Lembrava que a sua mulher murmurara "que coisa mais fofa" ao embalar a neta pela primeira vez. Naquela tarde chovia suavemente, mas o mundo parecia gritar: "Sei ser feliz!". Parou por uns momentos junto ao miradouro, como se na voz do Tejo reencontrasse as palavras simples da mulher que tanto amara. O último minuto, antes de qualquer partida, era doloroso, mais ainda quando não tinha regresso. "Vai ser complicado", constatavam os amigos, com solidariedade q.b. E fora! Ainda estava longe de alcançar a praia do esquecimento...

Retomara o passo, mas abrandou ao passar pela montra da livraria. No escaparate, um título prendeu a sua atenção: "Queria rever o teu rosto ao entardecer". Como era verdade! Porém, retomou o seu rumo, não sem se relembrar da frase de outro escritor,"na hora de pôr a mesa, éramos cinco", sendo o número irrelevante - a solidão tem o dom de ecoar em todas as paredes.

Ao contornar a esquina da sua rua, movimentada pelos turistas e pela taberna local, erroneamente apelidada de "Bom Garfo", discerniu o ronco da discussão entre os clientes habituais: "Piegas, a tua tia!" - reclamava um - "Olha aí a palhaçada!" - vociferava outro. O circo estava montado, para gaúdio da turista inglesa que comentara para o acompanhante "I'm lovin it! Very typical!" . Só acontece a quem anda... distraído! - concluíu.

Abriu a porta do prédio, subiu os vários lanços de escada e entrou na casa fria. Vestiu o pijama e, antes de descer a persiana, admirou a lua cheia refletida nas águas do Tejo. "No te digo adiós... te digo hasta siempre!" - sussurrou, fazendo suas as palavras de outros...

*******
Este selinho, que me foi atribuído pela Landa, será para todos aqueles que descobrirem neste pequeno texto os seus próprios títulos, já deste ano (regras para distinguir os blogues que mais lemos? não quero, nem gosto!):
 

*******

BOM FIM DE SEMANA E DIVIRTAM-SE!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

HÁ MUSAS NOS CAMPOS...

A - William-Adolphe Bouguereau (1825-1905)

B - Mary Cassatt (1843-1926)

C - António Carvalho da Silva - Silva Porto (1850-1893)

D - Julien Dupré (1851-1910)

... como se torna evidente, pela inspiração que deram aos artistas que pintaram estas quatro telas. Sabem ou adivinham quem são? Como modestíssima apreciadora de arte, completamente leiga no assunto, apenas conhecia o nome de um destes pintores, mas, com uma tão vasta enciclopédia ao nosso alcance (como diz o Rui), estamos sempre a tempo de conhecer mais e melhor as grandes obras de arte...

Venham daí dicas ou palpites, com ou sem "batota" googliana!

ADENDA a 10 de fevereiro de 2012 - foram acrescentadas as legendas a verde; a Ematejoca e a Maria Selma identificaram todos os pintores, o Rui da Bica 3, a Nina 2, o Carlos e o Moyle o de Silva Porto. Obrigada a todos pela participação!

Imagens da net e do facebook.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

TRADIÇÕES PERDIDAS?

O menino retratado na foto nasceu em 1905. Como na época já o Carnaval era tradição popular (e não só!) - e sendo filho, neto e sobrinho único - as tias solteiras faziam questão de o mascarar a rigor desde a mais tenra idade, arrastando-o para festas, corsos, fotógrafos e tudo o mais houvesse, durante os três dias de festejos. Não admira, portanto, que o meu querido e amado avô detestasse todo o espírito carnavalesco...

Por seu turno, a minha mãe também não simpatizava. O pai recusava-se a que a menina fosse mascarada (como a minha avó gostaria, mas sem coragem para se rebelar!) e, com sorte (ou azar?!), ia com uns tios ricaços e todos pomposos ao Coliseu ver o circo, num camarote de primeira, mas impedida de brincar com a restante criançada, por "poder incomodar" os amigos do tio (mais uma vez, a tia não tinha palavra a dizer sobre o assunto)!

Com antecedentes destes, está bom de ver que nunca nos mascararam em crianças, a mim e à minha irmã, mesmo que pedíssemos e quiséssemos. Mesmo assim, fartámo-nos de brincar ao Carnaval, que o meu pai, que nunca tinha tido a oportunidade de o fazer em criança, entrava no espírito folião e gozava tanto ou mais que nós, em sessões de cinema que incluíam filmes, desfile de máscaras e concurso, números de circo ou de magia e uma enorme brincadeira nos intervalos: serpentinas, papelinhos, pequenos sacos de serradura para atirar a quem aprouvesse. A minha mãe já alinhava, embora não gostasse da ideia do meu pai atirar os saquinhos a raparigas jeitosas...

Já o filhote e as minhas sobrinhas sempre tiveram a liberdade de participar conforme a sua vontade. E sempre gostaram de se mascarar, participaram em corsos e festas, essas sessões de cinema  / espetáculo / concurso de máscaras é que, infelizmente, já não existiam! Boas recordações de todos estes anos (incluindo as fotografias do meu avô, com arzinho enfastiado no fotógrafo), ninguém as tira.

Agora que as pretendam tirar às gerações de crianças atuais e vindouras, à conta da famigerada crise (quando é não estivemos metidos numa?!), consegue irritar-me ainda mais com a falta de discernimento e a arrogância sobranceira da cambada que nos governa, totalmente alheada e desinteressada das tradições do povo português... Levo a mal, o desaparecimento do Carnaval!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

NÃO MATEM A COTOVIA

Este extraordinário romance de Harper Lee decorre numa pequena cidade sulista norte-americana (Maycomb, no Alabama), em meados da década de 30 do século passado, num ambiente em que a palavra de um branco valia mais que a vida de um negro e em que o racismo e o preconceito eram ainda muito comuns entre a população, enquanto a liberdade das mulheres era praticamente inexistente.

Narrado na primeira pessoa por uma criança órfã de mãe, Jean Louise (Scout) Finch, ficamos a conhecer um pouco da cidade e dos seus habitantes, primeiro num circuito mais ou menos restrito da vizinhança "ao alcance da voz de Calpurnia" (a empregada negra), onde decorrem as suas brincadeiras com o irmão Jem e os primeiros encontros nas férias de verão com Dill - um rapaz um ano mais velho que ela, com o qual combina casar num futuro distante -  e o interesse excessivo que têm pela vida solitária de um vizinho que raramente sai de casa. Mas, à medida que vai crescendo, esse círculo vai-se alargando à escola que detesta, aos colegas que insultam o seu pai Atticus (advogado daquela cidade) e aos quais ela responde com os punhos, mesmo que raramente compreenda o que significam, e à família mais ampla que encontra na época do natal, onde por vezes também recorre a uns murros para "pôr nos eixos" um primo embirrante, sofrendo as consequências dos seus actos. É assim através dos seus olhos e da sua inocência (nem sempre isenta de perversidade) que descobrimos a consciência cívica do seu pai, em contraposição à mentalidade das gentes locais, arreigadamente preconceituosa e racista. Quando Atticus é chamado a defender um negro, injustamente acusado de violentar uma rapariga branca, a cidade está ao rubro de indignação, havendo quem deseje fazer "justiça" pelas próprias mãos... 

"Não Matem a Cotovia" foi publicado em 1960 e granjeou à sua autora o prémio Pultitzer, no ano seguinte. ADOREI! (pena é haver tantas gralhas nesta edição!)

Citações:
"Se o resto do ano, na escola, fosse tão cheio de complicações dramáticas como o primeiro dia, talvez chegasse a ser medianamente divertido, mas a perspectiva de passar nove meses a privar-me de ler e de escrever fazia-me pensar em fugir."

"O Sr. Avery disse que estava escrito na Rosetta Stone que quando as crianças desobedeciam aos pais, fumavam cigarros e andavam em guerra umas com as outras, as estações do ano mudavam: Jem e eu sentimo-nos acabrunhados com um sentido de culpa, por termos contribuído para as aberrações da Natureza, fazendo a infelicidade dos nossos vizinhos e causando desconforto a nós próprios."

"- O teu pai tem razão - disse ela. - As cotovias não fazem mais nada senão cantar para satisfação nossa. Não comem coisas nos jardins das pessoas, não fazem ninhos nas searas, não causam danos a ninguém. É por isso que é pecado matar uma cotovia."

"- Como puderam eles fazer isto, como puderam?
- Não sei, filho, mas fizeram. Já o fizeram antes, fizeram-no esta noite e voltarão a fazê-lo. E quando o fazem... parece que apenas as crianças choram."

domingo, 5 de fevereiro de 2012

DEDICAÇÃO E PERSEVERANÇA

Exemplo de dedicação e perseverança é a deste professor primário colombiano, de seu nome Luis Soriano. "Porquê?", perguntam os mais curiosos. 

Então, sabendo que as crianças da  zona rural de La Glória, onde lecciona, não têm fácil acesso a bibliotecas ou a livros, e considerando que estes são fundamentais para a sua educação, há mais de uma década que se empenhou em levar uma biblioteca até elas, nos seus tempos livres. E chamou a essa iniciativa de biblioburro, pois transporta os livros em dois burros, que apelidou ironicamente de Alfa e Beto:

Acontece que o biblioburro começou a ser conhecido a nível local e, posteriormente, deu azo a reportagens televisivas, dentro e fora da Colômbia, nomeadamente esta: 




Após a mediatização desta história de vida, o professor teve alguns auxílios e doações, que lhe permitiram finalizar a pequena biblioteca que estava a construir, com a ajuda de sua mulher, Diana. Ajuda essa que muito agradeceu, como podem ver aqui.

Mas que há gente fantástica, não restam dúvidas!

Imagens da net.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

FESTAS E BOMBONS!

Coincidência ou não, a maior parte dos meus familiares e amigos mais próximos comemoram os seus aniversários entre fevereiro e junho. Raramente deixamos passar essas datas em branco, com um almoço, jantar, lanche ou até só um cafezinho à noite, com uma fatia de bolo e espumante, consoante a vontade do aniversariante. (e a disponibilidade monetária no momento, mas agora não vem ao caso...)

Assim, é já este fim de semana que se inicia o capítulo de festas, logo com dois aniversários: um sábado, outro domingo, para animar! Claro que não vou ter tempo para ler, ir ao cinema, ver televisão, visitar museus, passear ao vivo e a cores ou pela blogosfera e facebook, mas compensa largamente - há vida lá fora, para além destes pequenos prazeres de tempos livres, e o convívio com aqueles que amamos é, de longe, o mais importante!

Calhou também lindamente que a DGS (nada de confusões, trata-se da Direção Geral de Saúde, não da extinta PIDE) aconselhasse a população a combater o frio comendo chocolates e frutos secos. O que seria de nós, sem aquele Francisco George a velar pela nossa saúde e a dar-nos tão bons conselhos? Com tal ordem de "soltura", já estou a marchar, em sentido, e... direita à despensa!

Com ou sem festas, aproveitem para ter um...

FIM DE SEMANA MUITO FELIZ! 
(agora se segunda-feira não me "virem" por aqui, é porque engordei tanto que nem consegui entrar no blogue...)


Imagem do net.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

É POR VAGAS...

Fotografia de Ian Britton.

Os peritos em meteorologia asseguram que vem por aí uma vaga de frio. E chuva. Acredito! Afinal de contas estamos no inverno, costuma chover e baixar a temperatura...

Qual é a novidade? Nenhuma, excepto a insistência televisiva em noticiar o assunto pormenorizadamente, incluindo conselhos fantásticos de uma bem intencionada técnica de vestir mais camisolas e casacos para enfrentar a intempérie, de não beber bebidas alcoólicas (aquecimento ilusório, segundo ela!) e de ter cuidado com lareiras, braseiras e aquecedores, que devem ser apagados ou desligados antes das pessoas se irem deitar. Chegou para elucidar os mais lerdos? Não! Nada como inquéritos de rua, nas cidades e nos campos, para verificar como a população enfrenta esta "adversidade".

Às tantas, uma das inquiridas de volta da sua lavoura, não evidenciou qualquer susto: "Nós [ela e o marido, que estava ao lado] a trabalhar nunca temos frio, suamos muito." O homem acenava com a cabeça, em concordância. "Depois jantamos e vamo-nos deitar, que debaixo dos cobertores estamos mais quentes." Nenhuma destas palavras foi proferida em tom irónico ou de regabofe (nem devem ter sido exatamente estas, que já tinha "desligado" do interesse na reportagem), o casal aparentava ter cerca de 60 anos. Mas espantou-me a filosofia de vida daquela mulher, limitada ao trabalhar, comer e dormir... para aquecer e sobreviver (sem queixumes)!

O que me resta entender é o porquê do empenho em dar destaque aos rigores do inverno nos noticiários! A população do país está assim tão esquecida dos anteriores? Chega a ser absurdo, quando noutros locais do mundo temperaturas abaixo de zero são uma constante...

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

QUE JUSTIÇA É ESTA?

Um tribunal do Porto condenou ontem um sem-abrigo - por tentativa de furto de um polvo e de um champô num supermercado da cidade, no montante de 25,66 euros - a 50 dias de pena de multa (a 5 euros dia), o que perfaz um total de 250 euros. Como o réu não compareceu ao julgamento e à leitura da sentença, agora tem 30 dias para pagar a multa ou então (caso seja encontrado, já que de momento se desconhece o seu paradeiro) cumprirá os mesmos 50 dias de prisão efetiva. Isto não é invenção, podem ler a notícia aqui!

Este processo reúne tudo o que há de mais caricato na justiça portuguesa (ou falta dela)! 

Primeiro, se o indivíduo, alegadamente carenciado, tentou gamar esses produtos é porque provavelmente não tinha dinheiro para os pagar. Nem por isso deve deixar de ser punido, obviamente! E também não se contesta que os comerciantes têm todo o direito a apresentar queixa de todos os larápios que lhes aparecem pela frente - consta que são mais que muitos, nem todos carenciados! - e entregar os casos à justiça. Mas como é que um sem-abrigo que não tem cheta, nem pensões, subsídios ou qualquer outra fonte de rendimento, para além de umas eventuais esmolas que possa obter, paga uma multa dessas? Não será o mesmo que o condenar imediatamente a uma pena de prisão?

Aí pensamos que juiz é este que anuncia tal sentença, certamente fundamentada na lei. Será que não distingue as pessoas e as suas diferentes capacidades e só percebe de códigos? Ou considera que o homem fica melhor atrás das grades, onde não precisa de fanar nada para comer ou para fazer a sua higiene pessoal? Tanto que o próprio não concorda, que desapareceu...

Por fim, a burocracia do sistema. Num país onde existem processos que envolvem montantes exorbitantes e que se arrastam nos tribunais durante anos, com recursos atrás de recursos até ver se as fraudes, burlas, corrupção, "desvios de fundos" e outras negociatas e estratagemas mais que suspeitos prescrevem - e deixam em liberdade e isentos de qualquer pena um bando de trafulhas da pior espécie, com um batalhão de advogados em sua defesa - não se entende o porquê de um crime menor seguir trâmites semelhantes. Numa altura em que as contas aos custos parecem primordiais, imagina-se o que este processo consumiu com juiz, tribunal, advogado (oficioso, pois está claro!), notificações e tempo dispendido por todos os intervenientes? Certamente muito mais do que os tais 25 euros e picos... E como é que se notifica um sem-abrigo? Pois, a polícia tem de o procurar para lhe dar o papel correspondente, que imagino tenha usado numa necessidade premente!

Entretanto, ontem também decorreu a cerimónia de abertura do novo ano judicial, com discursos atrás de discursos dos principais protagonistas da justiça portuguesa. Nem todos em vão, que Marinho Pinto e Noronha do Nascimento não pouparam críticas à atual política governamental! O "pobre" Cavaco Silva - que por sinal também tem uns quantos amigalhaços envolvidos em processos judiciais infindáveis - só apelou ao apaziguamento, na monotonia costumeira.

Mas, pela amostra, já se viu que começou lindamente...

Imagem da net. (melhor do que o tema do texto merecia, mas desenhos de polvos sorridentes não me convenceram!)