domingo, 28 de fevereiro de 2010

ERA UMA VEZ NA GRÉCIA



"Era uma vez na Grécia" foi o título dado a este clip de desenhos animados, mas talvez se pudesse denominar também de "O poder da música". Achei piada, daí colocar aqui para quem quiser espreitar...

Recebido por mail.
(Obrigada, Isa!)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

TERTÚLIAS... ASSIM!

Fotografia de Ian Britton

Há Invernos assim, muito chatóides, em que raro é o dia em que não chove copiosamente, com grandes ventanias e um frio de rachar. Não será o primeiro, nem o último, mas este tem sido particularmente rigoroso, ainda com umas catástrofes naturais a ajudar à depressão generalizada! Daí nem sequer apetecer pôr o nariz fora de casa, a não ser pelas obrigações essenciais.

Mas acaba por chegar a hora em que se diz adeus à concha e ao aconchego do lar e lá vamos para uma tertúlia, como se a invernia não nos desgastasse o ânimo! Por acaso éramos só duas, em amena cavaqueira e petisqueira, entre presente e passado, livros e filmes, familiares e amigos, férias e trabalho. Sabe tão bem ter amigas assim...

Como se não bastasse para recuperar a animação, de repente encontrámos-nos rodeadas de gente alegre e satisfeita, com uns cachecóis verdes enrolados ao pescoço. Acreditem ou não, as duas benfiquistas ferrenhas gostaram daquela alegria, assim!

(Truz, truz! Quem é? É a Primavera que está a bater à porta... assim como quem não quer a coisa...)

UM ALEGRE FIM-DE-SEMANA PARA TODOS!!!


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

FICHAS A CAIR!

Não sou adepta de jogos a dinheiro, tirando umas "lerpas" na adolescência - a 5 tostões ou coisa (que nem tem tradução na moeda de hoje!) - meia dúzia de idas às slots do casino e a única vez que visitei um Bingo, nunca simpatizei. Mas gosto de jogar cartas com amigos, o que cada vez é mais raro, geralmente só em tempo de férias!

Ultimamente tenho jogado poker on line, via Facebook! De início oferecem 5000 fichas, à medida que avançamos de nível recebemos mais umas quantas, a entrada diária nos "casinos" ainda acrescenta outras, de montantes variáveis.

Um dia destes estava aqui calmamente numa jogatina dessas e o filhote queria que eu fosse ler um trabalho dele para a escola. "OK, mas espera lá um bocadinho, que estou a meio de uma jogada." E ele: "Se quiseres jogo por ti, que não percebes nada disso!" Não quis! E o eu-sei-tudo cá de casa (garanto que não sei a quem sai!) resolveu entrar na mesma sala, para me dar uma lição de poker. Em três jogadas perdeu as fichas quase todas e depois, com o seu arzinho sapiente, declarou: "Como não é a dinheiro, toda a gente aposta tudo!" Tem razão, é um "vício" do jogo! Mas lá porque os outros jogadores atiram as fichas à balda para cima da mesa, ninguém tem de fazer o mesmo, não é? A piada está em considerá-las como parte do nosso próprio pecúlio, sem as desbaratar à toa!

Não sei quem deu lição a quem! Só sei que muitos craques com títulos sonantes de "Ás" ou "Campeão" têm muito menos fichas do que as que consegui juntar e, em desespero de causa, apostam tudo, para receber as migalhas da "casadela"! O bluff nem sempre resulta, com parceiros igualmente desesperados...

Perder ou ganhar parece nem fazer parte do jogo, mostrar arrojo ou displicência resulta melhor, nem que com isso se vá à "falência"!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

MAFIOSOS...

Uma amiga minha resolveu tirar um curso de italiano. Como é normal, na primeira aula a professora perguntou a cada um dos alunos porque é que estavam interessados em aprender a língua. A maioria respondeu que pretendia alargar conhecimentos ou viajar para Itália com algumas bases para se fazer entender, uma mulher explicou que o filho tinha casado com uma italiana, queria perceber o que a nora dizia. Nada demais, portanto!

Entretanto, nas aulas seguintes, a tal mulher não se cansava de falar do filho e da nora a residir numa cidade siciliana, inclusive levou fotografias dos netos gémeos, com cerca de dois anos de idade e, ufana, declarou entre risos: "Eu chamo-lhes os meus mafiosi!"

Siderada e branca como a cal, a professora só conseguiu balbuciar: "Mas não pode chamar isso aos seus netos!" Os restantes colegas perceberam a preocupação contida na frase, ela nem por isso, continuou a divagar que só lhes faltava um chapéu à gangster na cabeça, para ser uma imagem perfeita dos elementos da Mafia, rindo alegremente da comparação. Ninguém a convenceu que a "brincadeira" não tinha uma imensa piadola, em Portugal ou na Sicília, onde ia visitar a família dentro em breve...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

É APENAS FUMAÇA!

Por acaso, não era! Alguém já levou com gás lacrimogéneo por perto?! Não queiram, que aquilo dá para lágrimas, baba e ranho à fartazana, com tosse à mistura!!! Nesse dia, eu estava lá! Como militante partidária, vergonha que carrego até hoje! Só com a desculpa de ser tão jovem e idealista.

Tantos anos volvidos, já me deixei de militâncias há muito! Voto sempre (com três excepções no cardápio, por razões diversas), desde que o pude fazer, conforme a consciência me dita na altura. Mas a política e os políticos portugueses desiludiram-me bastante, curvados ao poder económico, sem coragem de o afrontar quanto toca a grandes enriquecimentos, mas com a palavra crise sempre na boca para justificar os baixos salários dos trabalhadores por conta de outrem ou os impostos excessivos que pagam. Cambada de hipócritas!

Assim, a canção que escolhi para homenagear Zeca Afonso - sugerida pelo Rui do blog "Coisas da Fonte", na sequência do 23º aniversário da sua morte (OK, aqui a homenagem é para a sua vida, música e valores!) - mantém-se actual:



(e se os vampiros estão na moda: há livrarias que já dedicam espaço exclusivo à temática!!!)


Fotografia daqui.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

INVICTUS

O último filme de Clint Eastwood não tem muito que contar: pouco Mandela e muito rugby, nomeadamente centrado no campeonato mundial de 1995, em que a equipa sul-africana se sagrou vitoriosa. Morgan Freeman e Matt Damon desempenham bem os seus papéis, como seria de esperar, mas longe de serem de molde a provocar grandes emoções. Enfim, talvez os fãs do desporto considerem mais emocionante... (trailer aqui, para os curiosos!)

É raríssimo irmos aos cinemas do Saldanha - que também não têm pipocas - mas desta vez dava jeito, que tinha de entregar um livro a uma amiga que mora lá perto. Ainda bem que ela andava pelo Centro Comercial, porque nos perdemos várias vezes no caminho, com os sentidos proibidos e ruas cortadas da zona. Acabámos por estacionar o carro no Parque errado, para sair de lá foi outro caso sério: sem indicação de saídas para peões, as portas que encontrávamos estavam fechadas, o elevador avariado, não se via vivalma por perto. Só nos lembrávamos deste episódio. Sinistro! Lá descobrimos uma aberta, com acesso a um cubículo de elevador que funcionava, não entrámos sem antes verificar se a porta abria dos dois lados. Afinal, era no Saldanha ao lado!

Entreguei o livro (do qual falarei depois da "discussão"), mas já só deu para dar uma vista de olhos pela livraria, que não faltava muito para o início da sessão. Sai uma pessoa de casa com uma hora de antecedência para isto?!


Imagem de cena do filme da net.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

AS FOLHAS NÃO TÊM ONDE CAIR...

... mortas! Mas caem à mesma, para dar lugar a outras que rebentarão no arvoredo da Primavera. Algumas resistem até ao fim, bebendo as últimas gotas de seiva como se de um elixir da juventude se tratasse. Não se reconhecem nos espelhos d'água que a chuva lhes oferece: pardas ou cinzentas, devido aos reflexos do céu, encontram-se sós, abandonadas pelas suas parceiras que baloiçaram ao sabor do vento até aterrar no chão da rua, inertes. Já desapareceram, sabe-se lá porque passe de magia. A Natureza é assim, impiedosa, nos ciclos da sua transformação!

Mas se os homens conhecem estes mistérios, para quê tanta arrogância e sobranceria?! Um cinzentismo de meter dó, para quem se arroga de tanta sabedoria...

UM FIM-DE-SEMANA

COLORIDO

PARA TODOS!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

TUDO PODE DAR CERTO

Há acasos estranhos: decidimos ir ao cinema ver "Invictus", mas por engano peguei no "Expresso" da semana passada e quando chegámos ao Londres - uma das nossas salas preferidas, pois não tem mastigadores de pipocas como acompanhamento sonoro, nem o respectivo odor enjoativo - já tinha saído de cartaz. Em alternativa, a exibição de "Precious" ou de "Tudo Pode Dar Certo", com decisão unânime por este último. Ainda faltava bastante tempo para o início, de modo que nos sentámos numa mesa esquecida num canto do snack-bar, que por sinal brilhava por uma grande confusão. Poucos minutos decorridos encontramos um casal amigo, conversa daqui e dali, quase chegávamos atrasados. Mas, no fim, tudo deu certo!

O protagonista dá pelo nome de Boris, um homem perturbado por imensos problemas existenciais, que se auto-considera um génio por entender tanto de física quântica (segundo o próprio menciona até à exaustão, esteve quase a receber um Nobel) como da humanidade em geral, onde apenas vislumbra aspectos negativos. E atira-se da janela! Fracassa no suicídio, mas em compensação consegue um internamento hospitalar prolongado, perder o emprego e, simultaneamente, acabar com o seu casamento e a vidinha privilegiada que levava anteriormente. A amargura persiste, não se cansa de divulgar as suas teorias pessimistas sobre política, religião, sexo e a estupidez do ser humano, embora no círculo mais restrito de uma vizinhança menos culta e elitista, que o toma pelo génio que afirma ser. Um dia depara-se com uma jovem fugitiva à porta de sua casa, que só lhe pede qualquer coisa para comer, mas que acaba por se instalar...

"Tudo Pode Dar Certo" ("Whatever Works", no título original) tem realização e argumento de Woody Allen e conta no elenco com Larry David, Evan Rachel Wood, Patricia Clarkson, Ed Begley Jr., Henry Cavill, entre outros.

Longe de ser fã de Woody Allen, há muito tempo que não ria tanto num filme, ainda por cima no seu estilo mais puro, de permanente conflito da personagem com o mundo! IMPERDÍVEL, para umas boas gargalhadas... (embora seja difícil simpatizar com o protagonista!)

Podem espreitar o trailer aqui ou o site acoli.


Imagem da net.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

AQUI HÁ TIGRE!

Não é novidade para ninguém que hoje é Domingo de Carnaval e Dia dos Namorados ou de São Valentim! Escusado ir para a net procurar quem foi este, que as histórias bíblicas que andam para lá são assim a molde como à vontade do freguês, seguindo orientação de seitas ou religiões, por vezes a mera imaginação do seu autor. Assim, como não poderia deixar de ser, por vezes são contraditórias. Portanto, em jeito de comemoração da data, aqui ficam alguns dos grandes beijos do cinema, que podem "ensaiar" durante todo o ano:



O tigre da foto não pretende insinuar aquele típico "Ah, tigre!", tanto ao gosto do macho latino de antigamente. Não! Como se as festas já fossem poucas, hoje os chineses celebram o começo do Ano do Tigre, o terceiro signo da astrologia chinesa! Em suma, uma diversão pegada...


Imagem da net.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

CARNAVAIS DE OUTRAS ERAS...

Estas fotografias têm cerca de 100 anos, a qualidade não será a melhor. Mas revelam a infelicidade de uma criancinha, que todos os anos era mascarada pela mãe e tias, pavoneada nas ruas e nos salões burgueses, sem faltar a ida ao fotógrafo.

Alguém adivinha quem é?

Bom, mas se aquela criancinha odiava o Carnaval, eu e a minha irmã delirávamos! Para infelicidade nossa, nunca nos mascararam, portanto não podíamos participar nos concursos de máscaras nos teatros ou cinemas onde íamos sempre na época. Mesmo assim divertíamos-nos à brava, que as sessões eram prolongadas, com filmes ou peças de teatro, entrecortados com os ditos concursos em que podíamos votar (aí já havia democracia, eheheh!), às vezes números circenses ou de magia, com grandes intervalos pelo meio, cheios de serpentinas, papelinhos no ar e saquinhos de serradura, para acertar no toutiço de alguém. Hoje, a ASAE não iria permitir esse "deboche" pouco-higiénico, mas pronto, felizmente ainda não existia!

"A vida são dois dias e o Carnaval são três!", segundo o ditado, que soa sempre mal aos puristas da língua lusófona - sujeito e verbo não condizem - mas sabe tão bem aos ouvidos e outros sentidos de quem aprecia cada momento que vive...

BOM CARNAVAL E DIVIRTAM-SE!!!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

REGRESSO À ESCOLA?!

Não contava com esta! Pela milionésima vez sou chamada à escola do filhote, para mais uma reunião com a Directora de Turma. Porque tem faltas de atraso e outras injustificadas, dado andar "assoberbado" como Presidente da Associação de Estudantes...

Nenhum de nós concordou que ele se candidatasse, mas aos 17 anos ele não liga muito ao que os pais dizem! Que era fácil, punha a equipa a trabalhar (muitos deles, amigos desde a primária!), não tinha de fazer quase nada. Mas desde arbitrar o jogo de futebol escolar, até desencravar a máquina de matrecos, tem-lhe tocado quase tudo, como era previsível. Escusado será dizer que as notas também desceram vertiginosamente! No 12º ano, quando estes desvarios podem ser pagos por não conseguir médias para entrar na Faculdade.

Imagino que ninguém ama mais ou menos os próprios filhos por terem melhores ou piores notas! E até aprecio que ele seja interessado, que participe na vida escolar. Mas ao ponto de se prejudicar? E agora, quando está quase a atingir a maioridade, sou eu que tenho de voltar à escola, para levar a "rabecada" da professora? Nem entendo o que é que ela me possa explicar, que mude a situação...



Imagem da net, da Banda Desenhada "Peanuts", de Charles Schulz.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O CABRA!

Para além da Justiça da sentença, este palavrório dá alguma justificação do porquê de não assinar petições contra o "novo" acordo ortográfico...


Recebido por mail.
(obrigada, Michel!)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

PASSEIO NUMA LISBOA ANTIGA

Antes do pronto-a-vestir em Portugal, mães, avós, tias, costureiras ou modistas cuidavam que não faltasse vestuário às crianças e jovens. Feito à medida, mas com umas bainhas a baixar e um pedaço de tecido para alargar, porque crescer ou ganhar formas diferentes não estava fora de questão, para as estações seguintes. Assim, lá para os 11/12 anos ou coisa, eu e a minha irmã tivemos as nossas primeiras calças compradas numa loja da Avenida Guerra Junqueiro, salvo erro denominada "Lord". E ambas ficámos adeptas tanto do pronto-a-vestir como das calças, com as quais as costureiras e modistas não se ajeitavam...

Contudo, nada mudou muito, o ritual era sempre o mesmo: sapatos iam comprar-se à Praça do Chile (onde eram mais baratos, na "Mariazinha"), convinha ser um número acima para durarem mais tempo; a mamã tricotava as camisolas de Inverno; a vovó e a tia-avó faziam as colchas de crochet para as nossas camas; na baixa, passeio regular passava pelos tecidos na "Frazão". Mas, entretanto, a costureira tinha adoecido, a modista estava assoberbada com vestidos de casamento e nós ambicionávamos ter calças de ganga e camisas "à moda" dos "Porfírios", que ainda por cima não eram nada caras. A minha mãe concordou, mas como não se entendia na loja anos 70, com espelhos, paredes pretas e escadas estreitas enfiadas em túneis, tudo mal iluminado, deixava-nos ir às compras sozinhas.

Dia de baixa lisboeta era para percorrer tudo de lés-a-lés: com começo na loja da nossa predilecção, passando pela "Casa Africana", "Lisbonense" para sapataria, "Polux" para plásticos de forrar livros, papelaria na "Progresso" ou na "Fernandes", no final era impossível não visitar a Rua do Carmo e a Rua Nova do Almada, onde a música estava sempre no ar. E foi num desses dias que entrámos desprevenidas nos "Armazéns do Chiado", em saldos! Perdemos-nos quase imediatamente, na secção de tecidos, com o mulherio a agarrar os rolos de pano como se não houvesse amanhã. Os funcionários não tinham mãos a medir, qualquer toque num trapo suscitava o olhar furioso das que os seguravam com unhas e dentes. O ataque de riso foi tão grande, que nos reencontrámos no meio do armazém a chorar que nem umas perdidas...

ps - o incêndio do Chiado foi um desincentivo para voltar à baixa lisboeta, a facilidade dos centros comerciais ou das grandes superfícies fizeram o resto!

ps1 - saudades? nem por isso!!!


Fotografia da net.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

OS APANHADORES DE CONCHAS

Penelope Keeling regressa a casa depois de um breve internamento hospitalar. Sente-se insensatamente feliz por estar viva: "Tenho sessenta e quatro anos e, se os parvos dos médicos não se enganam, sofri um ataque cardíaco. Mas sobrevivi e esquecê-lo-ei para sempre." A partir deste prólogo, nos 16 capítulos seguintes desfilam personagens próximas do seu presente ou passado, num encadeamento natural e envolvente.

O quadro pintado pelo pai quando ainda era menina, "Os Apanhadores de Conchas", emoldura a chaminé da lareira da sala e devolve-lhe a ternura dos momentos serenos da infância, quando a II Guerra Mundial ainda não passava de uma suspeita. Confirmada posteriormente. Apanhada nas suas malhas, viveu os tempos de guerra ao minuto, já que não sabia se haveria seguinte... Penelope e o quadro sobreviveram ao confronto, mas depois nada voltou a ser como dantes! Indiferentes ao significado que tem para ela, dois dos seus filhos insistem para que o venda agora (já que o pintor voltou a estar na moda), numa ambição desmedida e pouco subtil de rechearem a própria conta bancária. Mas será que ela não tem outros planos?

Ao longo de 397 páginas, o romance da escritora inglesa Rosamunde Pilcher (que usou igualmente o pseudónimo de Jane Fraser, a acreditar na wikipédia) torna-se numa saga familiar, com o título evidente de "Os Apanhadores de Conchas" ou "The Shell Seekers", no original. Muito bom!

(Mais uma vez, a frase da contracapa - "Olha para trás e recorda a sua vida: uma infância boémia em Londres e em Cornwall, um casamento desastroso durante a guerra com o homem que ela verdadeiramente amou." - denota que quem a escreveu não leu o livro, ou só lhe deu uma vista de olhos, muito em viés...)

CITAÇÕES:

"Olhando pela janela, sentia-se deprimida com o que se lhe deparava. A dimensão da cidade, os milhões de seres humanos que enchiam as ruas, as suas expressões ansiosas e preocupadas, todos apressados, como se receassem chegar atrasados a uma entrevista de vida ou morte. Outrora vivera em Londres. Fora o seu lar, por assim dizer, onde iniciara a sua família. Agora, não conseguia compreender como suportara aquele ambiente durante tantos anos."

"Ele seguiu-a em silêncio, sem deixar transparecer que o cérebro desenvolvia uma actividade frenética, como uma máquina de somar a calcular bens. Sentia-se impressionado com a imponência de tudo o que o circundava."

"Foi bom. E nada que seja bom se perde jamais. Fica a fazer parte da pessoa, integra-se no seu carácter."

"Ela recordava-o sorridente e reconhecia que o grande remédio - o tempo - exercera os seus efeitos. Compreendia que era preferível ter amado e perdido o ente querido a nunca haver conhecido o amor."

domingo, 7 de fevereiro de 2010

O ADEUS DE ROSA

Fotografia de Ian Britton

SE EU MORRER DE MANHÃ
ABRE A JANELA DEVAGAR
E OLHA COM RIGOR O DIA QUE NÃO TENHO.

NÃO ME LAMENTES, EU NÃO ME ENTRISTEÇO:
TER TIDO A NOITE É MAIS DO MEREÇO
SE NEM CONHEÇO A NOITE DE QUE VENHO.

DEIXA ENTRAR PELA CASA UM POUCO DE AR
E UM PEDAÇO DE CÉU
O ÚNICO QUE SEI.

TALVEZ UM PÁSSARO ME ESTENDA A ASA
QUE NÃO SABER VOAR
FOI SEMPRE A MINHA LEI.

NÃO BUSQUES O MEU HÁLITO NO ESPELHO.
NÃO CHAMES O MEU NOME QUE NÃO VENHO
E DO MISTÉRIO NADA TE DIREI.

DIZ QUE NÃO ESTOU SE ALGUÉM BATER À PORTA.
DEIXA QUE EU FAÇA O MEU PAPEL DE MORTA
POIS NÃO ESTAR É DA MORTE QUANTO SEI.

Rosa Lobato Faria
(20/04/1932 - 02/02/2010)

Na missa de corpo presente da escritora, este poema foi distribuído e lido pelo seu filho mais velho. Não sei se escrito especificamente para a ocasião ou se se trata de um poema antigo, mas pessoalmente gostei muito, partilhando-o aqui com todos os amantes de poesia!

Não tenho por hábito escrever sobre a morte de pessoas públicas quando morrem - para isso estão aí os jornais, as rádios e as televisões, mais vocacionados para esse género de informação. No caso abri uma excepção, dada a originalidade da despedida...

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

QUEM TE MANDA...

Fotografia de Ian Britton

... a ti, sapateiro, tocar rabecão? Sempre que oiço este provérbio, lembro-me do pai de uma amiga minha: ele era chefe de secretaria de uma escola pública e ajeitava-se em pequenos trabalhos de carpintaria, electricidade e afins; um dia, uma tempestade danificou o telhado da escola; e o bom do homem - que, além do mais, sofria daquele complexo de ser a competência em pessoa - resolve ir substituir as telhas. Escusado será dizer que resultou num enorme trambolhão, em que partiu a bacia ou a perna (ou ambas?), desse pormenor já não me recordo ao certo, ficou de baixa durante cerca de dois meses. O provérbio foi utilizado pela filha, ao relatar o acidente...

Como nunca estamos livres de fazer as nossas próprias asneiras, ontem meti-me a criar um novo mail (Ah, não, essa de subir ao telhado não é p'ra mim!), o que deu raia, suponho que agora já está resolvido. Os 'mailitos' recebidos entretanto, não sei onde foram parar! Quem me manda a mim...? (maldito provérbio, que não me sai da cabeça!)

TENHAM UM BOM FIM-DE-SEMANA!!!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

BINGO!

Fotografia de Ian Britton

Ninguém gosta de perder, nem a feijões! Na vida, no amor, no trabalho, no jogo e por aí adiante. De um modo geral, os homens costumam ser mais persistentes ao tentar alcançar os seus objectivos, desde tempos imemoriais medem forças, estruturam planos de ataque, são guerreiros por natureza. Mas não contam com estas armas...



(sem 'mainada' a acrescentar!)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

BITOLAS E ALFINETADAS...

Com poucos dias de intervalo, surge uma grande entrevista a Belmiro de Azevedo na revista "Visão", em que ele dá a sua opinião sobre vários políticos portugueses - não li, suponho que toda a gente tem direito a ter a sua, mas a dele não me interessa particularmente - e uma crónica de Mário Crespo, a que foi rejeitada publicação no "Jornal de Notícias", onde era cronista habitual.

Mas se não li a entrevista, não me safei de ver excertos dela em vários programas televisivos (filmados na ocasião?), em que o empresário não se acanhou em apelidar de "ditador", "incompetente", "mentiroso", entre outros "mimos", a vários leaders políticos. Reacções? Poucas ou nenhumas. Nas redes sociais, nada! No "Expresso", um elogio à sua frontalidade, independência e irreverência, com "pena que a contundência das críticas [...] não tenha como contraponto propostas incisivas para o país". No "Eixo do Mal" (da SIC Notícias) só uma leve dica a acrescentar que o homem não é propriamente o maior democrata desta terra, que em tempos afirmou que se metade dos seus "empregados recebessem metade do ordenado, já estavam muito bem pagos". No "Contra-Informação" (RTP), aí sim, trata todos como se fossem funcionários do "Incontinente"... Adiante!

Por seu turno, a crónica de Mário Crespo relata um almoço entre Sócrates e alguns dos seus apaniguados com um executivo televisivo, enquanto Nuno Santos e Bárbara Guimarães (?) se sentavam numa mesa próxima do mesmo restaurante, em que o próprio jornalista foi alvo de severas críticas sobre o seu profissionalismo. Uma crónica é um artigo de opinião, como em todos os jornais do mundo: a factos falsos podem corresponder processos judiciais ao seu autor! Mas não foi o caso - a direcção do JN simplesmente recusou a publicação, sem justificação (plausível) ao colaborador.

Não restam dúvidas que existem bitolas diferentes, no que respeita à liberdade de expressão...


Imagem da net.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O LEITOR

Vi "The Reader", título original do filme "O Leitor", fora d' época, quer dizer, já em 2010! Será que há mais algum pormenor a acrescentar a todas as opiniões e críticas entretanto divulgadas? Provavelmente, não!

O argumento dramático baseia-se num livro do escritor alemão Bernard Schrink, adaptado ao cinema por David Hare e realizado por Stephen Daldry, que conduziu um naipe de actores de peso: Kate Winslet, Ralph Fiennes, David Kross, Bruno Ganz e Lena Olin, entre outros.

Hanna Schmitz auxilia o jovem Michael Berg quando ele adoece, alguns meses depois envolvem-se numa espécie de relação amorosa, em que ele lê para ela os livros que estuda na escola, o que costuma terminar numa fogosa actividade sexual. Durante um Verão, porque ela desaparece sem deixar rasto. Mais tarde, Michael - que se torna estudante de Direito - encontra-a como ré num tribunal, acusada, conjuntamente com outras guardas prisionais de Auschwitz, do homicídio de 300 mulheres judias devido a um incêndio na igreja onde se encontravam encarceradas.

Não se trata de um romance, nem de um filme de guerra, mais de culpa e vergonha por um passado individual e/ou colectivo, com segredos a esconder a todo o custo! ADOREI!!!

Para quem nunca viu o filme, fica o trailer aqui!

Imagem de cena do filme da net.