quarta-feira, 30 de setembro de 2009

QUEM VÊ CARAS...

... não vê corações! Certo?!

Não sou adepta de piercings e tatuagens, mas cada um faz o que bem entende com o seu corpo, supostamente para o embelezar ou por outra convicção qualquer: ideológica, religiosa, amorosa, cultural, artística, sei lá que mais. As tatuagens evoluíram bastante dos anos 60 até aos dias de hoje: primeiro surgiram os soldados que regressavam da guerra de África, com os braços perenemente marcados por números, letras ou desenhos incrivelmente mal amanhados a tinta azul; mais tarde, nas praias algarvias apareciam uns ingleses entroncados e boçais com uma "bracelete" permanente de arame farpado junto aos bíceps; e depois, com novas cores e desenhos bem mais artísticos, tornou-se moda e um desvario total, entre malta de todas as idades. Algumas destas até são giraças, mas tenho para mim que agulhas quanto mais longe melhor, já bastam as absolutamente necessárias... Mantenho que não tenho nada contra!

Mas, há sempre um mas, com um certo limite! Garanto que se me aparecesse um fulano destes pela frente, não ia ficar por perto a tentar perceber se tinha um coração bondoso...


Fotografia recebida por mail, de autor desconhecido.
Obrigada, Michel!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

SENTIDO DE ORIENTAÇÃO...

Fotografia de Ian Britton

Há muito, muito tempo, numa vila distante dos confins do mundo... (OK, não foi assim há tanto tempo e o local distava apenas 420 quilómetros da capital do país, trata-se apenas de conferir algum mistério à pequena historieta) uma mulher aproveitou uma brecha nos céus diluvianos para visitar a feira semanal e comprar alguns alimentos frescos na praça. Acabadas essas voltas típicas de quem se encontra em férias com muito tempo disponível, verificou que os sacos das compras - carregados de frutas, vegetais, enchidos e até uns berbigões de aspecto delicioso - estavam pesados demais para regressar a casa sem empanar as costas.

Viera a pé até ao mercado, para desfrutar da paisagem acinzentada pelas nuvens que cobriam o céu, sentir o cheiro característico da terra molhada e da maresia, apreciar o festival das flores que enfeitavam janelas, varandas e jardins, aqui e ali tirando algumas fotografias de caminho. Decidiu então sentar-se numa esplanada do largo principal e telefonar ao marido para a vir buscar de carro. Assim ficou combinado, mas ele ainda iria demorar alguns minutos, pelo que entretanto pediu um refresco e um bolo de arroz. Repimpada, vendo os pombos esvoaçando junto à fonte secular ou debicando algumas migalhas pelo chão, apercebeu-se de algum movimento na mesa ao lado: um sexagenário brandia o jornal para enxotar os bichos das redondezas, enquanto a mulher que o acompanhava comia. Indignou-se! "Credo, não há mesmo respeito pelos animais neste país!", pensou, sem se manifestar.

O empregado trouxe o seu pedido, desenrolou o papel que envolvia o bolo e começou a comê-lo lentamente, ao mesmo tempo que retomava a leitura do seu livro. Um pombo veio debicar o papel que estava no prato em cima da mesa. Deixou-o sossegado! Mas depois surgiu outro e mais outro. O frenesim dos bichos instalara-se ali e aos seus pés, onde todos lutavam pelas escassas migalhas que caíam. A concentração desaparecera: de repente via-se rodeada de pombos por todos os lados! Levantou-se, ainda com metade do bolo na mão, o livro largado numa cadeira à toa. Ouviu rir atrás de si, um homem gesticulava demonstrando como se afastava aquela bicharada. Mas a batalha ainda não chegara ao fim - agora esvoaçava perto dela um outro de olho vermelho mais atento, embicado na tentativa de lhe retirar dos dedos a "fatia" mais grossa e desejada. Nunca lhe passara pela cabeça entrar numa guerra, muito menos no meio do pombal. Rendeu-se!!! Depositou o objecto tão ambicionado pelas frenéticas criaturas numa mesa vazia e as lutas desenfreadas prosseguiram, noutras paragens...

MORAL DA HISTÓRIA: Os pombos têm um grande sentido de orientação... para bolos de arroz!

post-scriptum - esta era a história para ti, Licas, mas como já puseste as restantes participações a votação, fica para a próxima! (escusado será dizer que voto à mesma, amuanços não moram por aqui... só que ainda não as li. Ah, claro, também não tinha foto própria para ilustrar!)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

OS COMBOIOS PASSAM...

Fotografia de Ian Britton

O TGV ("Train à Grande Vittesse", do francês, que se traduz para o portuguesíssimo "Comboio de Alta Velocidade") nasceu em França, no início dos anos 80. Em Fevereiro de 2008 - numa imagem retirada da Wikipédia - as linhas espanholas já a funcionar, em obras ou em projecto eram as que constam do mapa ao lado.

Embora pouco divulgados, os traçados das linhas portuguesas já estão estipulados, em acordos com a AVE de Espanha e com a própria União Europeia, que subsidia parte do empreendimento. Questão decidida há cerca de 5 anos ou mais. E, mesmo que as obras começassem nos próximos dias, só lá para 2013 começaria a funcionar nos principais percursos e em 2015 nos restantes...

Espantoso não é que a população envelhecida brade aos céus perante a inovação, sem qualquer expectativa de benefício próprio, mas sim que figuras gradas da economia nacional venham armar-se em aves agourentas, que somos muito pobrezinhos, que o investimento não resulta a curto prazo, portanto torna-se urgente adiar esse progresso em "tempos de crise"! (nunca ouvi falar de outros, mas pronto!)

Sou absolutamente a favor do TGV: se não nos servir a nós, pode vir a favorecer as gerações vindouras! Mas fico curiosa perante as vossas opiniões, portanto façam o favor de comentar...

domingo, 27 de setembro de 2009

LEITE DERRAMADO

"Quando eu sair daqui, vamos nos casar na fazenda da minha feliz infância, lá na raiz da serra. Você vai usar o vestido e o véu da minha mãe, e não falo assim por estar sentimental, não é por causa da morfina." Assim começa o último livro de Chico Buarque - "Leite Derramado" - nas palavras de um homem centenário, que se encontra preso numa cama de hospital, após fracturar a perna direita.

Ao longo de 223 páginas, o velho delirante revela as suas memórias (ou o que resta delas) à filha octogenária, às enfermeiras que o tratam, aos restantes pacientes, por vezes desfiando-as apenas para o ar, sem grande coerência, lógica ou cronologia, contradizendo-se em diversas ocasiões. Simultaneamente, já que Eulálio Montenegro Assumpção tem imenso orgulho nos seus antepassados portugueses aristocratas, perpassam quase dois séculos da história do Brasil nos seus relatos tristes e amargurados, com o snobismo que nunca o abandonou, aqui e ali pontuados com um sentido de humor que caricatura personagens de outras eras. Para impaciência de alguns jovens companheiros de enfermaria, malcriados: "[...] nem bem eu abria a boca e já se manifestavam: não fode, vovô, conta outra! Mas se com a idade a gente dá para repetir certas histórias, não é por demência senil, é porque certas histórias não param de acontecer em nós até ao fim da vida."

Tendo perdido todos os bens e o estatuto social privilegiado que adquiriu à nascença, assistindo impotente à morte de antepassados e descendentes, resta-lhe apenas a filha e um trineto ou tetraneto narcotraficante - que ainda é quem sustenta as suas despesas hospitalares. O declínio familiar e pessoal torna-se notório nas sucessivas mudanças de casas, das mais chiques e imponentes até ir parar ao minúsculo apartamento actual, numa zona mal afamada, mas, apesar disso, o seu grande inconformismo continua a ser o abandono da única mulher que amou desesperada e obsessivamente - Matilde! "Olhando o meu corpo, tive a sensação de possuir um desejo potencial equivalente ao dele [pai], por todas a fêmeas do mundo, porém concentrado numa só mulher."

Pode não ser aquela genial obra da literatura moderna brasileira como alguns querem fazer crer, só por ser de Chico Buarque "o-famoso-cantor-e-compositor-musical", mas, pessoalmente, adorei a sensibilidade e humor latente em cada entrelinha, numa imagem quase comovente de uma velhice prolongada e inadaptada aos tempos que mudaram... Alguns críticos referem que o livro tem semelhanças com outros de Machado de Assis, ou com a música "O Velho Francisco" do próprio autor, mas não encontrei assim tantas parecenças, daí a canção ser outra:



Ah, convém salientar que desta vez não houve unanimidade no Clube de Leitura: umas gostaram imenso, outras consideraram pouco interessante, por ser demasiado vago. Opiniões! A próxima sessão será no dia 21 de Novembro, com o livro "A Noite do Teu Aniversário", de Lionel Shriver.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

ANDAVA NA FLORESTA...

Fotografia de Ian Britton

... um cuco a cantar. E esvoaçava alegre pelos céus, quando um castelo não muito distante lhe prendeu a atenção: nem um som, nem um movimento se vislumbrava por ali! "Quem sabe não terá lá ninhos de outros pássaros?", pensou com as suas penas. Contudo, ao chegar ao local deparou com guardas petrificados, cortesãos, aios, nobres e clérigos completamente adormecidos, enquanto a bela Aurora repousava no seu dossel, com um sorriso estampado no rosto. Bateu asas e voou dali para fora sem piar, pensando que só poderia ser feitiço de alguma bruxa de serviço. Já no bosque, encontrou uma menina branca como a neve, perdida no meio do arvoredo, oferecendo-lhe algumas notas do seu cantar para a animar. Só a conseguiu assustar: aprimorava a cantoria, mas ela fugia...

Ouvindo ao longe um choro desconsolado, julgou encontrá-la, até descobrir que afinal era outra donzela, que fechada no alto de uma torre lançava o seu longo cabelo loiro pela janela, na esperança que algum príncipe encantado trepasse até junto do seu coração. Desmoralizada - naquele dia passavam todos muito distraídos (ou talvez não lhes apetecesse o exercício) - entre lágrimas contou a sua triste sina ao cuco, já que não tinha por onde fugir, nem mais vivalma com quem falar. Com pena de Rapunzel, este bem cantou atrás dos jovens varões, mas sem qualquer resultado, que os ditos tinham combinado ir jogar à lerpa, num casino fashion daquele reino longínquo!

Ainda era cedo, mas resolveu voltar à sua árvore e descansar dos insucessos. Porém, numa breve paragem de caminho, encontrou outra pequena com um capuchinho vermelho a conversar com um lobo, bem piou para a avisar dos perigos que corria, seguindo-a em voo baixo e bicando a vidraça no lado de fora da janela do casinhoto, viu-a confundir o lobo com a avó, enquanto gritava, stressado: "vai ao oftalmologista, pá!" Tanto, que um caçador mais atento se aproximou, resolvendo a situação e o pássaro aproveitou para se pirar de fininho "vá-se lá saber o que é que o fulano caçava". Com as energias esgotadas, já bem perto do carvalho que o aguardava serenamente, numa casa de aldeia, encontrou uma rapariga de gatas a esfregar o chão da cozinha. Cinderela, assim se chamava ela, suspirava e sonhava com um baile, no qual tinha sido proibida de dançar ou sequer de participar. "Cucu, cucu", cantarolou o passaroco. Ela ainda levantou os olhos do pavimento, mas, repentinamente, no meio de uma nuvem mágica, surgiu uma fada madrinha, decidida a transformar abóboras em coches, ratos em cavalos e outras coisas que tais. O cuco nem precisou de nada mais: asas sem relógio, para que vos quero?!

E teria adormecido feliz e descansado, não fosse deparar com uma cuca pestanejante no ramo preferido da sua árvore...

Acordou a cantar, só com dois pios: PARABÉNS, Roderick!!!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

SEM (MUITAS) PALAVRAS!

Fotografia de Ian Britton

Para ti, querida Isabel, desejo o melhor aniversário possível!

Para além da flor, fica uma música clássica e serena, esperando que seja do teu agrado...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

(DES)APONTAMENTOS

Não sei se é o Outono que contagia as pessoas ou vice-versa. Sei que ele este ano estava com pressa de chegar, bateu à porta mais cedo (mais precisamente às 22h19m de hoje, segundo o Observatório Astronómico de Lisboa), donde se pode tirar a seguinte conclusão: a minha professora primária estava absolutamente errada ao obrigar-nos a empinar as datas do início e fim de cada estação! (qual 23 de Setembro, qual carapuça?!)

Se a influência é do Outono, do novo ano lectivo ou até de alguma indecisão perante o futuro, também é mistério. Certo é que os adeuses à blogosfera começam a cair como as folhas das árvores, em forma de intervalos, pausas, intermitências, interrupções, fins, fechos e todos os sinónimos que se puderem imaginar. Há pressa de chegar não se sabe exactamente aonde, o que é que se faz? TARUZ, blog 'para o maneta' (raça de fantasma, que não nos larga)! E que tal um pouco de calma, até verificar se o bloguito interfere assim tanto na vida pessoal/profissional? Fases indecisas, confusas e pouco inspiradas todos temos...

No reverso da medalha, surgem os que sonharam que bastava escrever umas linhas intensas e importantes sobre a própria vidinha, para toda a malta se render aos seus pés, elogiando a escrita tanto como os pensamentos "iluminados", carregados de inteligência, cultura e sapiência, para já não falar na pretensão de influenciar essas hordas de fãs com as suas escolhas religiosas ou partidárias. Escassamente retribuído com um comentário esporádico, sem sequer ler o post dos bajuladores de serviço, tipo migalhas aos pobrezinhos, coitadinhos! (para que conste, nenhum dos 'linkados' na faixa lateral cabe nesta categoria, que pachorra para intelectualóides não mora aqui). A música que se segue dirige-se unicamente aos amigos virtuais:



(mantendo o respeito pelo silêncio de cada um, não "cortem as próprias asas", OK?!)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

AO FIM DO DIA...

Fotografia de Ian Britton

Perdi a conta ao número de "reuniões de pais e professores" a que assisti. Geralmente sem grande proveito, que são quase todas de "viró disco e toca o mesmo"! Poupo-vos ao relambório habitual, às histórias intermináveis que papás e mamãs babados se lembravam de relatar a todos os presentes, sendo eles uns pais perfeitos e os respectivos filhotes verdadeiras jóias de qualquer coroa! Uma seca!

Desta vez foi relativamente proveitoso: além da participação dos encarregados de educação ter diminuído significativamente (sei lá, se calhar por alguns alunos já terem mais de 18 anos), ainda havia uma questão curricular a "discutir" - no 12º do ano passado tinham uma cadeira extra à escolha, este ano são duas, mas limitada ao número de participantes (e talvez de 'profes' para a leccionar) - e a tal da gripá (versão Rauf e Vani, faxavor!).

A Directora de Turma pediu encarecidamente aos pais presentes que não deixassem os "putos" ir para a escola em estados febris. E essa, sim, foi uma grande novidade! Nem ela sabe que em tempos, uma outra DT, muito mal encarada, me acusou de justificar mal as faltas do menino (que na altura até era!), que se tinha febre era enfiar-lhe um benuron no bucho, não era justificação plausível...

Mudam-se os tempos e as vontades...

domingo, 20 de setembro de 2009

IR PRÒ MANETA

O ensaio de Vasco Pulido Valente baseia-se em inúmeros relatos de um período tenebroso da História de Portugal - daí 109 páginas contarem com 185 notas de rodapé - onde conclui que foi a revolta do povo que libertou "nove décimos do país" dos exércitos de Junot, "antes de Wellington (ainda Wellesley) pôr o pé em terra".

Quando as tropas napoleónicas invadiram Portugal em 1807, a família real, o governo e os elementos mais proeminentes da sociedade portuguesa zarparam para o Brasil, deixando a restante população à mercê de um invasor com fama de invencível, violento e ganancioso. Mas se, de início, Junot avançou pelo território sem entraves de maior, a revolta do povo - até por uma questão de sobrevivência - não tardou em surgir! Salvo raríssimas excepções, "as 'classes superiores à populaça' permaneceram prudentemente em casa. De porta fechada." Contudo, o general desvalorizou esta revolta pensando poder reprimi-la através de operações policiais. O que não se verificou!

Milhares de paisanos, "com paus e piques e a rara espingarda raramente nas mãos de vocações naturais" ou qualquer foice a jeito, fizeram retroceder as tropas de Loison numa guerrilha constante e eficaz, atacando os flancos e a retaguarda da sua coluna, que sofreu baixas significativas. Este general, que não tinha um braço, decidiu então retaliar na população civil, gabando-se das suas proezas militares, que consistiram em saquear, arrasar e incendiar "aldeias inteiras para punir actos de hostilidade", matando todos os homens, mulheres, crianças, velhos ou inválidos que encontrasse no caminho. A extraordinária crueldade dos seus métodos motivou que a "locução 'ir para o maneta' se [fixasse] perenemente na língua" portuguesa.

Durante três longos meses de chacinas, o povo (então já auxiliado por elementos de outras classes sociais) resistiu e perseguiu os invasores e todos os suspeitos de colaboracionismo - muitas vezes bastante injustamente, não isento de vinganças pessoais sobre os anteriores opressores (leia-se, "no senhor da terra, no rendeiro, no magistrado e no pequeno comerciante (e usurário).")

(Junot acabou por negociar com os generais ingleses a sua retirada do território nacional, na denominada "Convenção de Sintra", tendo-lhe sido permitido levar consigo grande parte do saque efectuado.)

CITAÇÃO:

"A nobreza colaborara com o invasor, o episcopado colaborara, o grande funcionalismo colaborara. Apenas o 'povo' nunca se tinha rendido, e aprendera à sua custa que a traição às vezes morava, ou quase sempre morava, em altos lugares."

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

BOCAS GRANDES!

Recebi um extenso mail, da suposta autoria de José Niza*, ainda referente ao caso já intitulado de Manuela Moura Gate, que, entre outras coisas, revela que dias antes do seu despedimento ela concedeu uma entrevista ao Diário de Notícias insultando administradores e accionistas da TVI (estúpidos e ignorantes), colegas jornalistas (cobardes), o Sindicato dos Jornalistas, Miguel Sousa Tavares e Pacheco Pereira, entre outros. Devido ao carácter provocatório e explosivo da entrevista, o seu conteúdo foi parcialmente divulgado antes da publicação, o que terá dado origem ao seu despedimento. Bom, esta é a versão resumida, numa explicação que me parece mais plausível, do que um maquiavélico plano por parte de um PM ressabiado. (isso ele estava, mas até já tinha desabafado perante as câmaras televisivas, que ninguém é de ferro)

No final, o mail fornece ainda um esclarecimento para algo que nunca tinha entendido:

"1984. Eu era, então, administrador da RTP. Um dia a minha secretária disse-me que uma das apresentadoras tinha urgência em falar comigo: '- Venho pedir-lhe se me deixa ir para a informação, quero ser jornalista!'
Perguntei-lhe se tinha algum curso de jornalismo. Não tinha. Perguntei-lhe se, ao menos, tinha alguma experiência jornalística, num jornal, numa rádio... Não tinha. 'O que eu quero é ser jornalista!' Percebi que estava perante uma pessoa tão determinada quanto ignorante. E disse-lhe: 'Vá falar com o director de informação; se ele a aceitar, eu passo-lhe a guia de marcha e deixo-a ir.' A magricelas conseguiu. Dias depois, na primeira entrevista que fez - no caso, ao Presidente do Sporting, João Rocha - a peixeirada foi tão grande que ficou de castigo e sem microfone uma data de tempo.
P.S. - A jovem apresentadora chamava-se Manuela Moura Guedes e se eu soubesse o que sei hoje..."

* Pelos assuntos focados, é provável que seja verdade, mas existem muitos mails com nomes de personagens conhecidas, que foram escritos por outrem.
** Obrigada, Paulinha!

BOM FIM DE SEMANA PARA TODOS!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O NOVO NAMORADO DA MINHA MÃE


Obesa e desleixada com a sua aparência, Martha vai despedir-se do seu filho Henry ao aeroporto, quando este parte para uma missão secreta do FBI. Triste com a despedida da sua única companhia, senta-se no pavimento e prepara-se para beber um café, quando um indivíduo a confunde com uma mendiga e lhe deita uma moeda no copo de papel. E aí dá-se o "click"!

Três anos depois Henry regressa a casa, para apresentar à mãe a sua noiva Emily, mas encontra-a muito mudada, tanto física como mentalmente, adoptando uma filosofia de vida diametralmente oposta à anterior. Descobre então que Marty (nome agora adoptado por Martha) tem vários apaixonados, o que o surpreende e escandaliza. Como se não bastasse, ela encontra casualmente Tommy numa feira e a atracção entre ambos é notória, mas pouco depois o agente é informado que o novo namorado da mãe é suspeito de pertencer a um gang de ladrões de arte. A sua missão? Pois, vigiar o namoro da mãe...

Meg Ryan e Antonio Banderas, só por si, já valem o bilhete, mas o papel mais engraçado coube a Colin Hanks - nem sabia que era filho de Tom Hanks - no dilema entre a sua vida profissional e familiar, ainda confrontado com as perguntas da sua noiva psiquiatra (Selma Blair), desconfiada que ele sofre de "complexo de Édipo". A realização e o argumento são de George Gallo, segue o trailer para quem quiser dar uma espreitadela (legendas em português do Brasil):




Giro e divertido, para os apreciadores de comédias românticas de acção!

Imagem da net.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

PRINCESA, POR UM DIA...

Fotografia de Ian Britton

Sabem quando em crianças nos contam aquelas histórias infantis, em que nos identificamos logo com a princesa, geralmente umas meninas lindas, simpáticas, boazinhas, ingénuas, com lindos vestidos de tule e cetim, que sofrem imenso nas mãos de bruxas e megeras que as odeiam, até que no final casam com um príncipe encantado e são felizes para sempre?

Pois, bem sei que é ficção! Mas se não se pode ter esses atributos todos, nem a felicidade é para sempre, pelo menos um dia na vida esse sonho concretiza-se e sentimos-nos verdadeiras princesas, rodeadas e acarinhadas por todos os familiares e amigos, numa festa inesquecível. As razões podem ser várias - casamento, doutoramento, uma exposição artística, a estreia em palco, a apresentação de um livro e muito mais - raramente esquecemos essas datas. A que mais me marcou, aconteceu precisamente há 19 anos!

Nunca me arrependi, apesar de alguns ventos adversos, em que as águas reflectiram zonas mais sombrias e turbulentas...



(Ah, e claro que vamos comemorar, com um jantarzinho mais gastronómico do que o habitual, que essa tradição ainda mora aqui! Desta vez foi ele a decidir, ainda é surpresa...)

domingo, 13 de setembro de 2009

ESTAÇÃO DE CORREIOS

Num país muito antigo e longínquo, a população dirigia-se à estação de correios mais próxima, onde enviava cartas, telegramas, postais ou encomendas, recebia as suas pensões de reforma, pagava os seus impostos e entre dois dedos de conversa ainda aplicava lá algumas das suas poupanças. Mas esse país modernizou-se de tal maneira numa era informática, em que todos andavam sempre com o portátil ao colo, telemóvel ou PDA em punho, que a tradição deixou de ser o que era e a utilidade das ditas estações tornou-se precária.

EM FÉRIAS: "Onde posso arranjar selos para estes postais?"; "Só nos Correios!"; "Onde ficam?"; "Lá em cima junto à rotunda, mas a esta hora estão fechados, que só abrem da parte da manhã!"

NA CAPITAL, depois de uma hora de espera: "Venho pagar o IMI!"; "Ah, mas nós não aceitamos cheques traçados!"; "Então pago por multibanco."; "Também já não aceitamos multibanco."; "Ahn???"; "Vá ao banco, peça cheques não traçados e volte depois para pagar..."

NA REGIÃO CENTRO, sem filas: "Quero 10 selos para cartas nacionais."; "Mas nós AQUI não vendemos selos?!?!..."

Bom, mas deixando para trás esse país abstruso e distante - e como não desejo que vos falte nada - passo a distribuir por TODOS ('linkados' na faixa lateral) alguns selos que podem dar jeito...

A Pascoalita (do blog com o mesmo nome) nem é muito dessas trocas filatélicas, mas desta vez abriu excepção, e enviou-me um, incentivando sonhos...

Mais recente por estas paragens, a Teresa do blog "Continuando assim..." , também me dirigiu este selinho. Já estou de olho castanho no teu, sabias?!


Ui, ui, livrinhos é comigo e a Teresa do blog "Ematejoca Azul" sabe! Acima de literatura ser arte, ler é um prazer!

Igualmente desta Teresa recebi ainda este prémio, mas espero que o vício nunca chegue a tal ponto, que a personagem não está com boa cara... eheheh!

A todas, muito obrigada! Comunicar é booooooommm!!!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

11 DE SETEMBRO

Fotografia de Ian Britton

De férias em Islantilla, num dia que acordou cinzento, passeava pela praia a apanhar conchas que a maré espalhara pelo areal, enquanto conjuntamente com o filhote e uma das sobrinhas construíamos uma sereia na areia, que enfeitávamos com as ditas e alguns limos. Os miúdos, então com 9 e 6 anos, depressa se cansaram e decidiram que era mais divertido ir dar uns mergulhos na companhia da minha irmã, naquele mar chão e sereno. A praia estava quase deserta, por perto só uma espanhola estendida na toalha, enquanto folheava uma revista e ouvia rádio nos fones. Continuava entretida com a minha "escultura" junto à areia húmida, quando o meu marido se acercou e comentou que a mulher lhe tinha dito que a rádio noticiara que houvera um ataque terrorista em Nova Iorque, que dois grandes aviões tinham embatido nas torres gémeas. "Pois, os americanos gostam tanto de fazer guerras em territórios alheios, que algum dia lhes havia de tocar à porta!", foi o primeiro pensamento que exprimi em voz alta. Claro que depois me pareceu de uma insensibilidade tremenda, face ao enorme número de vítimas civis que pereceram no atentado. Sem culpa nenhuma!

A primeira impressão existia (e existe), pois vinte e oito anos antes - mais precisamente a 11 de Setembro de 1973 - um golpe militar comandado por Pinochet, com o apoio financeiro e logístico dos EUA, derrubou e assassinou o Presidente Salvador Allende, eleito pelo povo chileno. Como Isabel Allende ou Luis Sepúlveda (dois grandes escritores, no meu modesto entender) não se cansaram de denunciar ao longo de décadas. Nem sequer há dados que permitam estabelecer o número de torturados, desaparecidos ou mortos durante o regime imposto à força - sabe-se que foram milhares, muitos mais que os infelizes que se encontravam nas Twin Towers quando se deu o atentado em Nova Iorque -, mas o ditador morreu de velhice, antes de ser condenado pelos tribunais.

Deixo aqui o longuíssimo (quase 11 minutos) vídeo* do chileno Pablo, com a sua versão dos acontecimentos, impróprio para pessoas mais sensíveis - estou a avisar que tem bolinha vermelha - para que ninguém se esqueça também das vítimas chilenas:



BOM FIM DE SEMANA A TODOS!
(preferencialmente só com boas "ondas"!)

* Recebido por mail há alguns meses, agradecendo a quem o enviou!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

OUTROS MUNDOS...

Um dia destes dei comigo a responder a um quiz no Facebook, enquanto via o concurso do Malato e tratava do jantar (ou melhor, tentava não o queimar, que o tacho estava ao lume), mas confesso que duvidei se não tinha ensandecido de vez!

Na busca do meu EU interior, a surpresa com os resultados obtidos nos testes absolutamente fiáveis do Facebook (Diabba dixit!) - ao fim de meia ou uma dúzia de perguntas, daquelas simples "de qual a sua cor preferida" ou se "prefere esparguete ou arroz" - revelam uma personalidade até à data completamente desconhecida: margarida como flor; Júpiter como planeta; ursa quando zangada; 78% maléfica, mas com um nome demasiado sexy; Jessica Rabbit se personagem de desenhos animados; louca como Hamlet; Kim Il Sung como super-ditadora (falta povo para me seguir); lorde se vivesse no século XIX; tudo isto, e muito mais, gentilmente embrulhado numa alma oceânica!

O manancial de informação que também se adquire por lá - põe-te fino Beethoven, que um gate também tem personalidade; Sasha Margareth, não ligues à tua dona, que essa ligadura vermelha combina lindamente com o tom do teu pêlo - mais os encontros inesperados com amigos (virtuais ou outros) desaparecidos, contribuem para o enorme sucesso do site. Sem esquecer os ziriguidunzinhos (leia-se, os que trocam uns miminhos: "toma lá um coraçãozinho", "obrigada, leva também este ursinho", etc. e tal) ou os que se viciaram nas artes da lavoura (daí, se calhar, o PP insistir tanto no assunto), labutando de sol a sol para manter a sua quinta na perfeição. Enfim, outros mundos...

Ah, e porquê a imagem (do Google) do livro da Anita? Detesto os livros da Anita, que me ofereciam em menina, como leitura adequada. Não contesto que as ilustrações de Marcel Marlier são bonitas, mas os textos de Gilbert Delahaye são de uma lamechice pegada (e suponho que muito ultrapassada)! Nada de BD a sério, que era o que mais gramava. Ôba! Mas até fiz esse quiz de que livro da colecção seria: não me deu aquele lá de cima que até se ajustava, mas antes o "Anita Casa-se". Um deboche!!!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

CHOQUES GERACIONAIS!

Fotografia de Ian Britton

Por mais que entenda que não se podem comparar gerações, suponho que os putos portugueses de hoje em dia estão muito mal habituados: se o menino quer uma bicicleta, é já a seguir; se a menina quer uma Barbie princesa com o respectivo castelo, idem; gameboys, PlayStations, computadores portáteis, televisão no quarto, telemóvel, o que quer que passe pela cabeça da criança ela tem, abonada por pais, avós, tios ou até aquela prima afastada, que não deve ter mais nada onde gastar o dinheiro.

Mais tarde as exigências surgem com a roupa das marcas da moda, as idas aos concertos ou às futeboladas, as noitadas com os amigos, cinemas sempre que apetece, aulas de inglês ou de fitness para continuar em grande forma, as viagens e as férias com os amigalhaços, a carta de condução, o carrinho para ir para a faculdade, que isto de andar a pé ou de transportes públicos cansa muito. E claro, que ninguém se meta nos seus namoros ou "curtes", que eles é que sabem!

Até ao 9º ano quase nenhum deles reprova ("retido", na terminologia moderna), mesmo que mal saiba ler ou escrever! Depois já estão na área que escolheram, supostamente mais fácil para tirar boas notas e seguir o curso que pretendem - outra enorme indecisão, até acabarem o 12º. Mas, quer dizer, com tantas solicitações, onde é que encontram tempo para estudar?! Conheço vários casos de estudantes universitários (quase todos rapazes, é certo!), em que nem uma cadeira para amostra fizeram, durante um ano lectivo inteiro...

Já todos fomos adolescentes - igualmente com as hormonas aos saltos, né? - com mais ou menos estroinices próprias dessas idades, mas sabíamos que tínhamos de estudar ou trabalhar, para tentar construir uma vida independente. A maioria desta malta nova está completamente refastelada na casa dos pais, não tem a menor intenção de sair de lá tão cedo, enquanto anda a curtir sabe-se lá o quê! Sair porquê, se está lá tão bem?!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

O RIO DO ESQUECIMENTO

Reza a lenda que as legiões romanas avançavam pela actual Península Ibérica, quando estacaram à beira de um rio. Os legionários, encantados com a beleza natural da paisagem sulcada pelas águas calmas e azuis, julgaram estar perante o lendário rio Lethes, cuja travessia acarretava o esquecimento total da vida passada. Com medo, recusaram-se a atravessá-lo! O comandante, para provar aos seus homens que estavam errados nessas crendices, desceu do cavalo e percorreu o trajecto a pé (não tentem, que lendas são lendas!), até alcançar a outra margem. De lá, foi chamando cada um pelo seu nome, conseguindo que todos ultrapassassem aquela barreira de medo!

A imagem recorda esse "episódio", numa fotografia tirada à beira do rio Lima, no passado mês de Junho. Não sei se ainda lá está, que sem ser estátua de pedra ou de bronze - mais semelhante a um "boneco" de carrossel - serve para ninguém olvidar essas lendas antigas...

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Não me esqueci, mas o desenho da face de Charles Muntz - no filme "UP - Altamente!" - fez-me lembrar Kirk Douglas. (fotografia de Jay Christian, no Google)

A aposta em Walter Matthau enquadra-se melhor no outro protagonista (Carl Fredricksen), cuja voz original é interpretada por Ed Asner: o Lou Grant de várias séries televisivas, como o "Mary Tyler Moore Show" e o próprio, com o seu nome!

A voz de Muntz pertence a Christopher Plummer, o inesquecível capitão Von Trapp de "Música no Coração".

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

LÁPIS DE TODAS AS CORES...

Fotografia de Ian Britton

O lápis azul foi uma praga, durante muitos anos, para todos os jornalistas, escritores, dramaturgos, argumentistas, poetas ou letristas de canções. Funcionários treinados pela PIDE - que não, não era muito dotada para as Letras - verificavam todos os textos antes de eles conhecerem a luz do dia. Se eventualmente lhes parecesse que existia uma ténue discordância com o regime ou a "moral e os bons costumes" vigentes, era só riscar! A denominada Censura morreu no dia 25 de Abril de 1974... com esse nome!

Logo surgiu uma irmã mais nova e singela, com o pomposo nome de Linha Editorial! Que ainda é viva e está de boa saúde. Opiniões em sentido contrário às do patronato e seus sócios ou amigos (muitas vezes, defensores acérrimos de partidos políticos), adjectivos controversos ou umas piadolas para aligeirar qualquer tema sem graça foram e são lapidarmente eliminados pelas respectivas chefias: "mais papistas que o Papa", como se costuma dizer! (quem não se lembra de João Carreira Bom, por exemplo?)

Em vésperas de eleições, de repente, surge o "dramalhão": Manuela Moura Guedes foi despedida das suas funções de apresentadora do "Jornal da Noite" de sexta-feira, na TVI! Ah, desgraça, agora fica em causa a liberdade de informação! Ahn?! Como é que é??? A "vítima" - ex-deputada do CDS (ou, se preferirem, PP) - achincalhou diversos entrevistados de todas as maneiras e feitios, opinando ela sem os deixar retorquir, como se fosse uma adversária política em debate e não uma jornalista. No dia a seguir, já aí andava pressurosa a falar para os jornais e a acusar Sócrates de "ganhar" com a sua demissão! (pois, isso e um tiro no pé, deve dar-lhe uma enorme jeitaça, nesta altura do "campeonato"...)

Lápis, meus caros, há de muitas cores...


Post-scriptum - não é que o assunto me pareça deveras interessante - o da demissão, que o da liberdade de expressão é, e muito! - mas como já comentei imensas vezes este episódio em diversos posts alheios, achei conveniente esclarecer, para não continuar a repetir!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

QUEM ME DERA SER MOSCA!

Há frase mais estranha e estúpida do que esta? Quem me dera ser mosca?! Está bem que as pessoas não querem mesmo ser moscas ou qualquer outro insecto, a expressão refere o interesse em estar num local onde decorre um encontro entre duas ou mais pessoas, e ouvir todas as conversas relevantes, sem ser notado. Em suma, cusquisse pura e simples (e confessada), ao nível do velho voyeur de binóculos nas praias de nudismo. Ou curiosidade mórbida, posta em prática por todos os paparazzis deste mundo.

Mas mesmo que a malta se pudesse transformar em mosca, sempre que a curiosidade morde, a mutação poderia causar-lhe graves problemas, como por exemplo:

- é duvidoso que estes insectos tenham um sistema de audição semelhante aos humanos, de modo que mesmo se zanzasse por ali em redor dos seus focos de interesse, podia não perceber patavina da conversa; facto é que quando dizemos "vai-te embora, melga!", raramente ela nos entende e continua com o seu irritante zum-zum a massacrar-nos os ouvidos;

- os perigos seriam muitos: nunca se sabe quem podia dar uma dundunzada no ambiente ou brandir um mata-moscas; aliás, uma simples mão serve - como Obama já conseguiu provar; incauta, podia ainda enredar-se numa teia de aranha, até esta chegar para o jantar - ela própria; e que dizer daquele azul tão atraente dentro daquela mimosa gaiolinha? Uma espreitadela de perto e FRISCKSSSIXZ, lá vai ela para o "outro mundo" das moscas, fulminada! E depois, como é que a mosca morta volta atrás, preferindo afinal ser humana e viva? Ah, pois é, é preciso pensar em todas as consequências, antes de se desejar ser mosca só para saber das fofocas...

Mas voltando um pouco atrás, um dia destes enviaram-me um mail, que me parece o local ideal para as estrelas de cinema e todos os VIPs irem passar férias. Uma praia num paraíso oriental, muito tranquilo em relação à aparição de paparazzis, voyeurs, ou até moscas (que não cabem). Difícil é descobrir o Wally... quer dizer, o banheiro! Deixo a imagem deste mar paradisíaco, mas escusam de morrer de inveja, OK?

Fotografia de autor desconhecido, de uma praia da China
(Obrigada, Palicha!)

FIM DE SEMANA TRANQUILO PARA TODOS!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

POST(E)S SIMBÓLICOS!

Já olhei de um lado,

do outro...

... e de frente!

Não tem ar de estátua, como é evidente!

A incapacidade de compreender o que esta obra está a fazer na "varanda" de Lisboa, com uma vista privilegiada sobre o Tejo, não é total. Machadada na estatuária do Estado Novo, que ali, no alto do Parque Eduardo VII, continua firme e fortemente implantada. Nunca ninguém a tentou remover, por sinal, que a história não se apaga com a remoção de estátuas - coisas que acontecem só lá para o Afeganistão ou Iraque. Mas num país europeu e civilizado?! OK, uma ou outra, naqueles arroubos do PREC, sem se saber bem por quem...

Eis uma versão possível, se bem que imaginária:

Inconformada com a situação de tantos turistas e lisboetas apreciarem a estatuária do local, reuniu-se a pequena elite intelectual cá da praça, numa reunião camarária de emergência. Seis horas depois, com discursos mais ou menos inflamados entre bota abaixo ou deixa de pé, alguém acotovelou um urbanista que já ressonava. Não se sabe se devido a esse sono reparador, engendrou um plano sábio: "Não vamos destruir: vamos construir!" No silêncio que se seguiu, acompanhado de um enorme "Ahhh!" dos restantes participantes, adivinhava-se alguma ponderação sobre o assunto e a expectativa de mais detalhes. Como não surgiram, um jovem engenheiro de 42 anos, ainda pouco habituado àquelas lides, atreveu-se a indagar: "Mas onde, como e quem?" As casquinadas dos companheiros foram interrompidas pela voz autoritária do presidente da mesa: "Vamos votar! Quem é que aprova esta moção?" Todos ergueram o braço em sinal de aprovação. "A sessão está encerrada, para reapreciação!" Meia hora depois, ficou estabelecido que a nova reunião teria lugar daí a oito dias, no mesmo horário, compatível com todos: onze da matina!

No local e hora aprazada, um dos intervenientes fez-se acompanhar de um escultor, amigo de seu pai desde os tempos do MUD juvenil - movimento que, infelizmente, agora, já ninguém sabia explicar a importância, como fez questão de salientar durante cerca de uma hora, desenrolando minuciosamente todos os feitos e méritos do referido movimento em tempos idos - o homem ideal para erigir a estátua que faltava em Lisboa: surrealista, experimentalista e com vários prémios no estrangeiro, a sua obra iria arrasar todas as que existiam em redor, com a vantagem de não ter de se proceder a nenhuma demolição. Antes da necessária votação, já todos aplaudiam de pé...

E assim, em 1997, Lisboa ganhou um novo "símbolo" para a posteridade! (as más línguas afirmam que tem uma forma fálica, mas se era essa a intenção, no mínimo, parece esculpido... à marretada!!!)


Post-scriptum
- Como já referi, qualquer semelhança entre esta história e a realidade é pura coincidência!

Ps 1 - Parabéns a João Cutileiro, que convenceu uns dirigentes intelectualóides da sua arte estatuária; mas partir pedra (ou serrar?!) é uma coisa, amontoar umas quantas como se fosse uma genial obra de arte é outra... e esse, foi um golpe de mestre!

Ps 2 - Este é o 500º post(e) do Quiproquó! Carregado de simbologia...